Efeitos dos estudos enunciativos nas provas de língua portuguesa para ingresso no ensino superior

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Holme, Raquel Veit
Orientador(a): Silva, Carmem Luci da Costa
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/202487
Resumo: Esta tese tem como objetivo investigar a presença de indícios de uma possível transposição do conhecimento enunciativo benvenistiano para os itens das provas de ingresso no Ensino Superior: provas de língua portuguesa dos vestibulares da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) de 1988, 1998, 2008 e 2018; prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 1998; e provas de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias do Enem de 2009 e de 2018. Para tanto, buscam-se fundamentos na Teoria da Enunciação de Benveniste, visto que as reflexões benvenistianas, assim como outras teorias linguísticas centradas no uso, podem estar subjacentes às noções basilares dos PCNs, importante documento balizador das matrizes de referência dos exames de ingresso, gerando efeitos sobre as bancas elaboradoras das provas do Enem e dos vestibulares, no sentido de exigirem dos candidatos uma aprendizagem relacionada ao proposto pelas diretrizes oficiais. O arcabouço teórico fornecerá subsídios para o tratamento da língua entendida no interior de seu funcionamento, na interação entre interlocutores, com estatuto de produtora de sentidos, correspondendo ao que preconizam os PCNs sobre o ensino de língua portuguesa. Assim, em consonância com os Parâmetros Nacionais Curriculares, os quais adotam o texto como unidade básica de ensino, e considerando que a compreensão de todos os itens das provas de ingresso começam em um texto-base, inicia-se uma investigação a trabalhos que operam deslocamentos da teoria benvenistiana para as análises textuais, bem como uma pesquisa bibliográfica em livros e artigos em que Benveniste comparece nos últimos anos no Brasil. Conclui-se que os elementos enunciativos transversais à abordagem do texto pela perspectiva enunciativa são as noções de intersubjetividade, de forma-sentido e de referência no discurso. Devido à importância de tais elementos enunciativos na abordagem textual, acredita-se que seriam igualmente os mais explorados nas provas de ingresso no curso superior e, por esse motivo, são adotados como os operadores de análise deste trabalho. Refletindo-se sobre o modo como esse conhecimento enunciativo benvenistiano pode ser transposto para os itens das provas do vestibular e do Enem, desenvolve-se a noção de transposição do conhecimento, a partir do conceito de transposição didática. Por meio do percurso de análises das provas de ingresso no Ensino Superior, conclui-se que há, de fato, a presença de indícios das noções de intersubjetividade, referência e forma e sentido nas provas analisadas, havendo um incremento gradativo da transposição de aspectos da perspectiva benvenistiana nas provas durante o intervalo analisado, sendo que a predominância de tal constatação ocorre na prova do vestibular de 2018. Acredita-se que os resultados podem impulsionar mudanças no tipo de formação tanto na Educação Básica quanto no Ensino Superior, no sentido de sinalizarem aos professores a importância do ensino de língua portuguesa, tendo-se como perspectiva o quadro enunciativo (eu-tu-ele-aqui-agora).