Modernização à brasileira nas Balas do estalo

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Boenavides, William Moreno
Orientador(a): Sanseverino, Antônio Marcos Vieira
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Espanhol:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/193124
Resumo: Esta tese de doutorado analisa a presença, ora implícita ora explícita, dos comentários sobre a modernização brasileira nas crônicas escritas no primeiro ano de publicação da série Balas de Estalo (1883-1886) no jornal Gazeta de Notícias. Junto a isso, por uma tentativa de movimento dialético, procura-se entender a constituição do próprio gênero crônica relacionada a essa modernização à brasileira. Pelas características materiais de sua circulação na imprensa, pelas características de seu público leitor, pelo vínculo imediato com a temática do cotidiano, a crônica mostra-se um gênero propício a sedimentar em seus procedimentos formais traços da realidade brasileira. Nesta série, os autores revezavam-se nas produções, sendo que todos usavam pseudônimos. No início, os pseudônimos e os autores (designados entre parênteses) eram os seguintes: Lulu Sênior (Ferreira de Araújo), Zig-Zag e João Tesourinha (ambos assinados por Henrique Chaves), Décio e Publicola (assinados por Demerval da Fonseca), Lélio (Machado de Assis), Mercutio e Blick (assinados por Capistrano de Abreu) e José do Egito (Valentim Magalhães). Mais tarde, ingressaram Confúcio, Ly e Carolus, que ainda não foram identificados. A política, a religião, produções artísticas e literárias, a ciência, a economia eram assuntos abordados pelos autores por meio de seus pseudônimos que enfatizavam a forma como cada um desses setores realizava-se no Brasil. Importante observar que a publicação de toda a série, com os textos de todos os pseudônimos, ainda não foi realizada. Com exceção da participação machadiana, que é conhecida desde 1958, com a publicação das Crônicas de Lélio por Raimundo Magalhães Júnior, trata-se de material inédito. O acesso ao conjunto, no entanto, foi assegurado pela digitalização das edições do jornal Gazeta de Notícias realizada pela Biblioteca Nacional e disponibilizada no sítio da Hemeroteca Digital Brasileira.Por fim, analisa-se a presença das referências à violência no primeiro ano de publicação da série Balas de estalo (1883-1886), vista como uma forma de denunciar as contradições da pretensa modernização do país e seus traços mais arcaicos. Num momento de acentuação das tentativas de ampliação do alcance da imprensa, em especial do jornal Gazeta de Notícias, onde as Balas eram publicadas, além do destaque que recebia a tecnologia, dos telégrafos e bondes, por exemplo, as marcas dos arcaísmos brasileiros eram destacadas na referida série. O principal desses arcaísmos era a escravidão, cuja manifestação mais degradada se dá na prática sistemática da violência física. Não era possível escamotear esse horror, e a violência indispensável para o mantenimento da escravidão também é colocada como nexo básico de outras relações sociais.