A construção do vínculo mãe-bebê no ambiente hospitalar

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Brun, Juliana Basso
Orientador(a): Kieling, Renata Rocha
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/231902
Resumo: Introdução: As primeiras relações afetivas sedimentam as bases da saúde mental do bebê e têm impacto duradouro ao longo da vida. A formação do vínculo mãe-bebê em um contexto situacional atípico e adverso, como o adoecimento da criança e a consequente permanência prolongada em ambiente hospitalar, exige uma série de adaptações por parte da família e, potencialmente, adiciona uma sobrecarga de dificuldades, sofrimentos e restrições ao cuidado oferecido pela mãe. O objetivo deste trabalho é analisar o vínculo mãe-bebê no contexto de lactentes hospitalizados de forma prolongada nos primeiros meses de vida e avaliar a influência dos fatores saúde mental materna e sobrecarga do cuidador sobre o vínculo. Metodologia: Estudo transversal observacional, realizado na Unidade de Internação Pediátrica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), no período entre agosto de 2019 e fevereiro de 2020, incluindo pares de mães e bebês com idade cronológica de até seis meses. Após a inclusão, os pares foram classificados como internação prolongada (grupo exposto) ou breve. Dados clínicos foram coletados através do prontuário eletrônico do paciente e complementados por entrevista com as mães, que também responderam a questionários de avaliação socioeconômica, vínculo mãe-bebê (Postpartum Bonding Questionnaire, PBQ), saúde mental materna (Self-Reported Questionnaire, SRQ-20) e sobrecarga do cuidador (Caregiver Burden Scale, CBS). Os dados foram analisados de forma descritiva e inferencial. Para mensurar a relação do desfecho vínculo mãe-bebê com as variáveis de exposição foi realizada uma análise de regressão logística multivariada com cálculo de risco relativo (RR) e intervalo de confiança de 95%, utilizando o modelo de regressão de Poisson com variância robusta. Para todas as análises, considerou-se um nível de significância de 5% (p<0,05) e um intervalo de confiança de 95%. Resultados: Foi incluído um total de 113 pares mãe-bebê. As mães eram, em sua maioria, jovens (25,3 ±4,8 anos), de classe média baixa (70,8%) e com até 12 anos de escolaridade (55,6%); metade dos bebês havia nascido por cesariana. A mediana de idade dos bebês foi de 67 dias de vida (IQR: 44-119). Não houve diferença no escore global de vínculo, medido pelo PBQ, entre pares hospitalizados de forma breve ou prolongada; porém, mães de bebês com hospitalizações longas apresentaram escores significativamente mais altos de ansiedade na prestação de cuidados (p=0,019). Na regressão logística, a sobrecarga do cuidador [β = 4,6 (IC95%: 3,1-6,1), p < 0,001)] e o planejamento da gestação [β = 1,2 (IC95%: 0,2-2,3), p = 0,026] mostraram-se associados ao vínculo mãe-bebê (r2 = .29, F(2,101) = 22,4, p < 0,001), explicando cerca de 30% da variação nos escores do PBQ. Conclusões: A permanência prolongada do par em ambiente hospitalar no primeiro semestre de vida não compromete o vínculo mãe-bebê, ainda que aumente a ansiedade materna na prestação de cuidados. Estratégias para aliviar a sobrecarga do cuidador, ampliando o apoio às mães que enfrentam a hospitalização, podem ser essenciais para fortalecer o vínculo e o bem-estar dessas díades.