Coparenting across the transition to parenthood : qualitative evidence from South-Brazilian families

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Schmidt, Beatriz
Orientador(a): Piccinini, Cesar Augusto
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: eng
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/165921
Resumo: A coparentalidade emerge durante a transição para a parentalidade e se refere ao modo como os indivíduos se apoiam e se coordenam em seus papeis parentais, bem como compartilham responsabilidades de cuidado à criança. Apesar do crescente número de estudos sobre a coparentalidade, relativamente poucos deles investigam famílias não norte-americanas ou não-europeias, o que prejudica a prática profissional e a elaboração de políticas voltadas a diversos países. Da mesma forma, estudos qualitativos sobre a coparentalidade são raros, embora fundamentais para esclarecer detalhes e complexidades nem sempre bem captadas por meio de outros métodos, incluindo insights sobre fatores socioculturais ligados à coparentalidade em distintos contextos. Além disso, o delineamento qualitativo e longitudinal é particularmente adequado para o exame de períodos de mudança no ciclo de vida, como é o caso da transição para a parentalidade. Para abordar essas lacunas, nós investigamos a coparentalidade durante a transição para a parentalidade em famílias do Sul do Brasil, por meio de estudo de caso múltiplo, qualitativo e longitudinal. Entrevistas semiestruturadas, face a face, foram conduzidas com 12 mães e pais (ao todo, seis famílias nucleares), aos 6, 12 e 18 meses após o nascimento do primeiro filho (ao todo, 36 entrevistas). Em duas famílias, apenas o pai tinha emprego, e a mãe cuidava da criança; em duas famílias, ambos os pais tinham emprego, e eles contrataram uma babá para cuidar da criança; e, em duas famílias, ambos os pais tinham emprego, e a criança passou a frequentar a creche ao final da licença-maternidade. Três componentes do modelo de coparentalidade de Feinberg (2003) foram explorados nos dois artigos que compõem a presente tese de doutorado: divisão de trabalho parental (como os pais dividem tarefas domésticas e de cuidado à criança, bem como sua satisfação com essa divisão); acordo/desacordo (e.g., em relação às necessidades emocionais da criança e à disciplina); e apoio/depreciação (apreciação e cooperação, ou crítica e competição). O primeiro artigo aborda divisão de trabalho parental, ao passo que o segundo artigo aborda acordo/desacordo e apoio/depreciação. A análise temática dedutiva revelou semelhanças e singularidades entre as famílias. Com relação ao primeiro artigo, nós identificamos fraco compartilhamento de tarefas domésticas ao longo do tempo, bem como forte compartilhamento de tarefas de cuidado à criança durante os primeiros dias após o parto, seguido por uma tendência de redução nas contribuições do pai durante os primeiros meses após o parto. Essa divisão de trabalho mais desigual permaneceu estável ao longo do tempo apenas para as famílias que optaram pelo cuidado materno, sofrendo modificações ao final da licença-maternidade para famílias que optaram pela babá ou pela creche. A satisfação de mães e pais em relação à divisão de trabalho permaneceu relativamente alta ao longo do tempo apenas para as famílias que optaram pelo cuidado por babá, o que sugere que poder contar com uma trabalhadora doméstica desde o início da transição para a parentalidade contribuiu no sentido de prevenir sentimentos parentais de sobrecarga e injustiça durante a transição para a parentalidade. Os resultados são discutidos à luz do papel que as normas de gênero prevalentes no Brasil, bem como o apoio social e instrumental podem desempenhar na divisão de trabalho para mães e pais após o nascimento do primeiro filho. Em relação ao segundo artigo, nossos achados sugerem que o acordo parental permaneceu relativamente estável durante o primeiro ano, ao passo que os desacordos referentes à disciplina exigiram mais negociação após esse período. Apoio e depreciação coexistiram nas mesmas famílias, embora mães e pais expressassem depreciação de forma diferente. Aspectos do contexto ecológico, tais como família de origem, apoio instrumental e social, bem como mercado de trabalho também pareceram influenciar acordo/desacordo e apoio/depreciação coparental. Ao final de cada artigo, nós apresentamos pontos fortes e fracos, além de sugestões para pesquisas futuras e implicações para a prática profissional (e.g. intervenções psicológicas) e para as políticas (arranjos de cuidado e licença parental).