O ensino de Geografia na visão dos alunos secundaristas : limites presentes, desafios futuros

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1995
Autor(a) principal: Kaercher, Nestor André
Orientador(a): Leite, Denise Balarine Cavalheiro
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/242553
Resumo: Esta dissertação de mestrado procurou estudar como está o ensino de Geografia na escola pública. Buscou-se perceber quais os principais tipos de conteúdos e valores, enfim, quais linhas metodológicas e curriculares o professor construiu com os seus alunos no decorrer dos anos letivos. Para tal, ouviu-se cento e cinqüenta alunos secundaristas - sempre no último ano de Geografia dos seus respectivos cursos - de cinco escolas públicas (quatro delas técnicas, profissionalizantes) da Grande Porto Alegre, estado do Rio Grande do Sul, Brasil. O instrumento para coletar os dados foi um questionário de perguntas abertas na tentativa de obter respostas dissertativas, permitindo uma análise qualitativa das mesmas. Uma vez coletados os dados, fez-se uma análise de conteúdo construindo-se categorias de análise a partir do agrupamento de respostas semelhantes. As respostas forneceram informações do tipo: qual a utilidade da Geografia?, onde ela aprendida?, como o aluno aprende essa ciência?, quais as palavras que os alunos associam a essa ciência? e, qual o grau de empatia com a disciplina e os seus professores? O suporte teórico baseia-se sobretudo em Cristovão Buarque, Paulo Freire Ruy Moreira e Ernesto Sábato. Tentou-se questionar o atual ensino de Geografia, bem como a própria escola brasileira, tendo como pano de fundo a dogmatização da ciência e a ética tecnicista e burocrática que rege nossa sociedade moderna industrial. As conseqüências dessa dogmatização seriam o fortalecimento de uma escola e de um ensino autoritários, desestimulantes para o aluno e pouco criativos, acabando por manter/ocultar as desigualdades sociais na medida que não questionam o mundo extra-escolar. A pesquisa constatou que o ensino de Geografia ainda é muito tradicional e fragmentador da realidade, parecendo pouco interessante e pouco útil para seus alunos. Há uma quase ausência de assuntos ligados ao cotidiano e a temas políticos e econômicos. A Geografia parece uma "simples descrição desinteressada do mundo". Este trabalho mostrou quão ideológica e política é esta construção. O desinteresse/ desestímulo do aluno é uma conseqüência a ser combatida pela pesquisa e pela prática docente. O estudo propõe a busca de novas formas de relação com o conhecimento, novas relações entre os participantes do processo pedagógico e almeja novos padrões éticos, bem como pretende alertar para a necessidade de "novos" temas para valorizar as aulas de Geografia e cativar seus alunos, de modo a reverter o quadro atual de desestímulo que impera em nossas escolas, tanto para professores como para alunos. O texto, resultante da pesquisa destina-se, basicamente, a questionar o papel das universidades, principalmente seus cursos de licenciatura, sobretudo no que diz respeito aos valores e conhecimentos expostos - às vezes ocultos - nos seus currículos. Por conseguinte, trata-se de uma discussão sobre a formação do professor, pois este profissional é, provavelmente, o maior influenciador do aluno nessa visão um tanto ingênua de conhecimento, visão esta que produzirá uma leitura acrítica da sociedade em que se vive.