A dependência química e seus cuidados : antropologia de políticas públicas e de experiências de indivíduos em situação terapêutica na cidade de Porto Alegre, RS

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Loeck, Jardel Fischer
Orientador(a): Leal, Ondina Maria Fachel
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/107897
Resumo: A presente pesquisa tem o objetivo de compreender as políticas públicas de atenção aos usuários de substâncias psicoativas na prática. Para tanto, foi realizado trabalho de campo etnográfico em eventos científicos e de formação para profissionais da área da saúde e assistência social, em quatro diferentes espaços terapêuticos voltados para a abstinência – dois ambulatórios, uma comunidade terapêutica e grupos de Narcóticos Anônimos –, e também realizadas entrevistas em profundidade sobre trajetórias de vida de indivíduos em situação terapêutica. A análise dos dados coletados revelou que apesar de as políticas públicas no Brasil serem pautadas pela redução de danos, na prática ainda se observa um privilégio – de investimentos públicos e de atenção política – às abordagens terapêuticas baseadas em abstinência. As terapêuticas baseadas em abstinência tendem a deslegitimar os indivíduos usuários de psicoativos ilícitos enquanto sujeitos capazes de se expressar ontológica e politicamente. Estes devem se adequar aos procedimentos terapêuticos que, através de instrumentos práticos e conceituais, tornam esses indivíduos em outra coisa, em alteridades patológicas. O sistema de atenção nesse recorte empírico tende a ser exclusivista, ao acolher iguais – apenas os doentes – e não contemplar a diferença – deve-se virar um doente para ser incluído. Desta forma, a antropologia praticada nesta pesquisa atua como uma ferramenta política capaz de dar voz àqueles indivíduos que não podem expressar outra coisa além de patologia e sintomas. Buscou-se a expressão ontológica desses indivíduos. Todos esses dados levaram à conclusão de que a dependência química deve ser pensada como um processo, e não como uma entidade ou essência. Além disso, foi possível de se perceber que a rede de atenção na prática é muito mais heterogênea e menos sistêmica do que as políticas públicas sugerem.