A atenção primária em saúde sob os muros da contenção territorial impostos pela violência urbana

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: D'Ávila, Janaíra Dorneles de Quadros
Orientador(a): Mendes, Jussara Maria Rosa
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Espanhol:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/189974
Resumo: A partir da compreensão de que a violência urbana fragiliza a qualidade de vida e a saúde da população de uma forma geral, o presente estudo objetivou compreender como a violência urbana interfere no cotidiano de trabalho dos profissionais das equipes de saúde da Atenção Primaria à Saúde (APS). Trata-se um estudo de natureza qualitativa do tipo exploratória. Para a produção do material empírico utilizou-se o instrumento de coleta de dados a entrevista-semiestruturada. O universo do estudo constou de trabalhadores das equipes da ESF Vila Herdeiros e ESF Orfanatrófio, inseridas nas respectivas gerências de saúde: Partenon Lomba do Pinheiro (PLP) e Glória Cruzeiro Cristal (GCC) da cidade de Porto Alegre/RS. Na análise dos dados, a luz dos referencias teóricos, emergiram três categorias empíricas: A) a capacidade de resolutividade da APS: diante do princípio da integralidade; as inúmeras dificuldades para o exercício do princípio da atenção integral em saúde, idem com a intersetorialidade e para o compartilhamento do cuidado com outros serviços e a Territorialização e os impasses diante do cenário de violência urbana. B) As estratégias de proteção do trabalhador e sua intrínseca relação entre a saúde do trabalhador: refere-se a um processo de adoecimento desses trabalhadores, atender com responsabilidade e eficiência técnica e política demandas e uma gestão do trabalho advindas de uma estrutura macro política, impõem ao trabalhador o que denominamos sofrimento social (MENDES,WERLAG 2015) decorrente dos desencontros e distanciamentos entre o trabalho real e o trabalho prescrito. C) O convívio com a violência urbana produz implicações no processo de Territorialização dessas equipes, uma vez que o campo de incertezas compõe o cotidiano de trabalho dos sujeitos que participaram deste estudo, condição que fragiliza a atuação profissional junto ao território adstrito. Concluiu-se, assim, que a violência urbana interfere diretamente e de diferentes formas no processo de trabalho destas equipes de saúde. Uma das mais significativas interferências relaciona-se essencialmente a três dos princípios básicos da PNAB, a fragilização da Integralidade, eixo prioritário da política de saúde, compreendida como importante estratégia para o exercício pleno da cidadania; a intersetorialidade, mola propulsora da integralidade, também seriamente comprometida diante da violência urbana; outro princípio básico da APS, também comprometido pela violência urbana refere-se ao processo de Territorialização dessas equipes, que diante dos frequentes eventos de violência. Na maioria das vezes ficam enclausurados na unidade de saúde e consequentemente se afastando do território e da comunidade. Os sentimentos são de impotência, de revolta, de medo. Identificaram-se algumas estratégias de proteção que ocorrem no âmbito da gestão, porém, sempre orientadas pela transferência de responsabilidades, e outras adotadas de forma espontânea pelos trabalhadores da APS, dos estas sem contar com suporte técnico. Os desafios neste campo do conhecimento são inúmeros e requerem ações intersetoriais, sejam articuladas e integradas, ações desempenhadas por diversos setores sociais, centradas em ações de prevenção e proteção à violência urbana. É de vital importância o comprometimento de gestores e das autoridades públicas, na organização de um sistema de segurança articulado com demais Políticas de Proteção Social como, a saúde, a assistência social e a educação. Na busca por um sistema único de segurança público, integral e inclusivo, superando a lógica vigente de uma Política de Segurança centrada apenas na repressão policial, que atinge a todos, a população adstrita ao território e a todos que vivem este espaço, impedindo o desenvolvimento de ações da APS e tornando todos prisioneiros, sob os muros da contenção Territorial imposto pela violência urbano e o descaso dos governantes.