Memória e consagração social: as estratégias de elites empresariais “alemãs” no sul do Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Voigt, Lucas
Orientador(a): Monsma, Karl Martin
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/254147
Resumo: Com base, sobretudo, nos aportes teórico-metodológicos da sociologia das elites e dos estudos sociológicos e históricos sobre a memória, esta pesquisa analisa as estratégias de consagração social de famílias empresariais de elite “alemãs” no Sul do Brasil mediante o estabelecimento de instituições de memória. Pode-se constatar um investimento histórico e característico em memória por parte das elites. No que se refere ao grupo étnico alemão no Brasil, constata-se um investimento recente no estabelecimento de instituições dedicadas à memória e ao legado de antepassados fundadores de grupos empresariais por parte de seus herdeiros. Dessa forma, a pesquisa analisa de que modo o investimento nas esferas da memória, da história e da cultura, mediante a institucionalização da trajetória e do legado de empresários atuantes nos ramos do comércio e da indústria, opera como uma estratégia de consagração, legitimação, autoafirmação, autopromoção e autocelebração das elites empresariais de origem alemã no Sul do país. Em outras palavras, o estudo analisa os usos sociais da memória para a promoção de representações públicas laudatórias e elogiosas sobre empresários com ligações históricas e identitárias com o grupo étnico teuto-brasileiro. Para a análise empírica, são consideradas três instituições de memória: o Instituto Carl Hoepcke (Florianópolis, Santa Catarina), o Museu Hering (Blumenau, Santa Catarina) e o Richter’s Hof (Forquetinha, Rio Grande do Sul). Em termos metodológicos, foi mobilizado um conjunto amplo e diversificado de técnicas e de fontes de pesquisa, com destaque para a incursão etnográfica às instituições de memória, à descrição e à análise da narrativa expográfica institucional, à entrevista e à análise de literatura de cunho biográfico e memorialista. Foi possível concluir que a memória e a sua institucionalização configuram estratégias eficazes de consagração dos agentes sociais, encontrando confirmação por parte de instâncias autorizadas e rendendo dividendos simbólicos e materiais aos seus herdeiros. Além disso, o estudo identificou os sentidos diferenciais de legado histórico produzido e disseminado pelas instituições de memória, as modalidades de acionamento da etnicidade teuto-brasileira – compreendida como investimento e como uma fonte de capital simbólico –, a influência dos contextos socioespaciais e citadinos nas narrativas memorialistas, bem como os agenciamentos das elites empresariais “alemãs” na memória histórica e no espaço público, que têm por objetivo a definição de imagens representativas de lugar para as cidades em que estão inseridas.