Especulações foucaultianas sobre a imaginação ubuesca e a ‘patafísica

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Dalmoro, Isabel Cristina
Orientador(a): Santos, Suelen Assunção
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/263743
Resumo: Essa Tese tem como problema de pesquisa analisar práticas discursivas que lidam com humor grotesco e com a imaginação em região de cientificidade que possam mostrar possibilidades para especulação de uma neociência. Para tanto, ela se vincula à perspectiva filosófica foucaultiana e suas considerações sobre o poder ubuesco, considerado como uma das engrenagens que fazem parte dos mecanismos do poder. O poder ubuesco é tratado indiretamente por Michel Foucault nas duas primeiras aulas que integram a obra Os Anormais (1974-1975). De acordo com o autor, tal poder integra um discurso que abarca ao mesmo tempo três propriedades: poder de vida e de morte, poder de verdade e poder de fazer rir. Riso oriundo do humor grotesco, sarcástico. O poder ubuesco é capaz de movimentar discursos com valor de cientificidade, produzindo efeitos de verdade. Ademais, promove a maximização dos efeitos do poder a partir da desqualificação de quem os produz. O adjetivo ubuesco, utilizado por Foucault, deriva da peça Ubu-Rei (1896) de autoria do poeta e romancista Alfred Jarry. Por essa via, a presente escrita promove outra articulação entre os escritos dos dois autores. O conceito escolhido para essa nova aproximação é o da ‘Patafísica, a ciência de soluções imaginárias inventada por Pai Ubu, protagonista da peça mencionada. O estudo tem como estratégia de pesquisa a arquivização, abeirando-se a uma pesquisa de cunho arque-biblio-mental. Arquivização é um termo inventado sob inspiração de arquivo foucaultiano e da imaginação recriadora, segundo a proposta de Groppa Aquino. Imaginação que logra força de escrita e aposta conceitual da Tese. Desse modo, o material para estudo dessa escrita consiste num arquivo que compreende tanto os estudos de e sobre Foucault como materiais pertencentes à obra jarryniana e suas ramificações. Além disso, as tais práticas discursivas emergem como corpus de apreciação para especular sobre uma neociência num cenário que ainda se encontra em situação de Pandemia – o ambiente de pesquisa para análise envolve, portanto, discursos circulantes no Brasil durante o período pandêmico, em torno da vida. Assim, utilizo um campo heterogêneo para a investigação. Do exercício realizado sobre o arquivo alguns aspectos podem ser apresentados: i) a arquivização se mostra como vetor potente de um elo patafísico para tratar de uma investigação acerca da possibilidade de uma neociência que tem como base de construção a ciência de soluções imaginárias, ii) as descrições mencionadas ao longo das aulas que compõem a obra Os Anormais (1974-1975) são compatíveis a uma imaginação que lida com o ubuesco, possibilitando pensar numa imaginação ubuesca, uma imaginação que se multiplica num vocabulário irônico que perambula nos limiares da cientificidade, e iii) a ‘Patafísica, enquanto uma ciência que se volta para o interior do discurso científico buscando suas exceções e anomalias, se mostra como ferramenta analítica potente para examinar soluções imaginárias ubuescas nas práticas discursivas em região de cientificidade, possibilitando a especulação de uma neociência.