Gênese e evolução tectônica do cráton Luis Alves, Sul do Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Betiollo, Leandro Menezes
Orientador(a): Bongiolo, Everton Marques
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/273838
Resumo: O Cráton Luis Alves (CLA) é um terreno granulítico de médio-grande porte Neoarqueano-Paleoproterozoico que funcionou como uma das massas de terra que deram estrutura para o desenvolvimento do Orógeno Brasiliano – Pan Africano no Neoproterozoico durante a amalgamação do supercontinente Gondwana Oeste. O CLA é composto por unidades Paleoproterozoicas e foi intrudido e recoberto parcialmente por unidades Neoproterozoicas do ciclo Brasiliano. O Complexo Granulítico de Santa Catarina (CGSC), de idade Sideriana-Riaciana, é predominante no CLA e divide-se em quatro unidades geológicas, (i) Complexo Ultramáfico Barra Velha composto por metapiroxenitos à plagioclásio, (ii) Sequência Metassedimentar Joinville composta por BIF, quartzito e granulitos pelíticos, (iii) Ortognaisses Luis Alves composto por granulitos máficos e félsicos, e (iv) Suíte Rodeio-Rio da Luz composta por granitos à piroxênio. Com levantamento aerogeofísico de alta resolução, integração de dados geológicos-estruturais e dados litogeoquímicos, foi possível definir unidades e estruturas principais, bem como blocos e setores geológicos distintos e particulares ao CLA. O levantamento aeromagnetométrico revelou uma estrutura regional de forma elipsoidal a sigmoide, com aproximadamente 70 x 50 km, delimitada por lineamentos magnéticos de 1ª ordem que correspondem a zonas de cisalhamento regionais, e com estruturas internas particulares. Essa estrutura é interpretada como um metamorphic core complex (MCC), o que traz implicâncias de interpretação e condicionantes geotectônicas e de geodinâmica. O estudo litogeoquímico nos BIFs, granulitos máficos e félsicos, e nos granitos à piroxênio, demonstrou os ambientes magmáticos, tectônicos e deposicionais que deram origem aos protólitos e as rochas hoje granulíticas. Os granulitos máficos e félsicos demonstraram afinidade com ambiente de arco de ilhas com fusão parcial de rochas da costa oceânica em sua geração. Também demonstraram afinidades no campo e nos resultados litogeoquímicos, apresentando assinaturas e padrões litogeoquímicos que alinham e se complementam. Da mesma forma, os granitos à ortopiroxênio também se complementam e formam trends com os dados dos granulitos félsicos. Os BIFs do CLA são divididos em duas fácies com base em sua mineralogia: fácies óxido e silicato. O quartzo e a magnetita predominam na fácies óxido, enquanto na fácies silicato também contém ferrosilita, granada e olivina. Os dados geoquímicos expuseram que a principal fonte para ambas as fácies, silicato e óxido dos BIFs do 2 CLA, é a água do mar com maior influência de fontes hidrotermais de baixa T, seguida de contribuição menos importante de sedimentação continental. A fácies óxido representaria a sedimentação mais próxima das fontes hidrotermais e com fraca influência da sedimentação clástica continental, enquanto a fácies silicato representaria uma zona contrastante mais próxima do continente com sua influência. Os BIFs do CLA não têm uma associação direta e clara com apenas um dos tipos de depósito. Dependendo das fácies analisadas, podem apresentar mais características do tipo Algoma ou Superior. Essa ambigüidade de informações nos leva a inferir que os BIFs do CLA são representativos de um ambiente de transição do tipo Algoma para o tipo Superior. Após esse cenário de arco de ilhas com uma bacia adjacente, próxima a uma zona divergente e fontes hidrotermais, esses protólitos foram subductados e condicionados ao metamorfismo granulítico, formando um large hot orogen e um platô orogênico. Junto com este metamorfismo granulítico houve a fusão parcial dessas rochas, que acabaram por dar origem aos granitos da Suíte Rodeio-Rio da Luz. Esse cenário de colagem de grandes placas tectônicas com formação de um platô orogênico com metamorfismo granulítico e fusão parcial na sua crosta inferior, foi seguido de um evento extensional. Esse evento possibilitou a ascensão de rochas dúcteis da crosta média-inferior e a formação e exumação de um MCC, que hoje compõe grande parte do CLA, no final do Riaciano. O CLA permaneceu estável até a amalgamação do Supercontinente Gondwana Oeste.