Petrografia, Litogeoquímica, Metamorfismo e Evolução Geotectônica dos Granulitos das Regiões de Amargosa, Brejões, Santa Inês, Jaguaquara e Itamari, Bahia, Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2006
Autor(a) principal: Macêdo, Eron Pires
Orientador(a): Barbosa, Johildo Salomão Figueirêdo
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Instituto de Geociências
Programa de Pós-Graduação: Geologia
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Brasil
Palavras-chave em Português:
Área do conhecimento CNPq:
Link de acesso: http://repositorio.ufba.br/ri/handle/ri/23051
Resumo: A área de pesquisa, situada no Cráton do São Francisco, está compreendida entre os paralelos 13o S e 14o S e meridianos 39o 30´ W e 40o W. Nela ocorrem terrenos arqueanos/paleoproterozóicos, que fazem parte do Bloco Jequié (BJ). Este, no final do paleoproterozóico, a cerca de 2,1-1,9 Ga, colidiu e foi superposto pelo Bloco Itabuna-SalvadorCuraçá. Esta colisão promoveu na região, o espessamento da crosta, deformando-a e metamorfisando-a na fácies granulito. Na área em foco ocorrem granulitos heterogêneos (GH), com encraves de rochas supracrustais, granulitos enderbíticos-charnockíticos (CH1, CH2), domos charnockíticos (CH6) e granulitos augen-charnoenderbíticos-charnockíticos (CH4). Os GH podem ser divididos em termos ortoderivados e termos paraderivados. Os termos ortoderivados (CHO) são constituídos por rochas charnoenderbíticas e charnockíticas. Os termos paraderivados ocorrem como mega encraves nas rochas anteriores e, se apresentam sob a forma de: (i) bandas, encraves e boudins de granulitos básicos; (ii) bandas de granulitos quartzo-feldspáticos; (iv) granulitos alumino-magnesianos e (v) quartzitos portadores ou não de granada e ortopiroxênio. Além disso, associados aos kinzigitos verificam-se intrusões de leucocharnockitos com granada e cordierita (granitos do tipo “S”), definidos como derivados da fusão dos granulitos alumino-magnesianos. Os granulitos enderbíticos-charnockíticos (CH1) e (CH2) se apresentam com porfiroclastos reliquiares parcialmente recristalizados, imersos numa matriz de granulometria média, sendo constituídos basicamente de quartzo, plagioclásio, mesopertita, microclina pertítica, ortopiroxênio e, subordinamente clinopiroxênio, mirmequita e biotita. Os minerais acessórios são hornblenda, opacos, apatita, zircão e, esporadicamente, ocorre a granada. Os minerais metamórficos retrógrados são a hornblenda, biotita, muscovita, opacos, bastita, serecita, clorita e por vezes a uralita. Os charnockitos (CH6) são rochas que expõem porfiroclastos de mesopertita, imersos numa matriz variando de média a grossa. Além da mesopertita, os (CH6) são constituídos de quartzo, plagioclásio antipertítico, hornblenda, ortopiroxênio, clinopiroxênio e, subordinamente, microclina pertítica, plagioclásio intersticial e biotita. Os minerais acessórios/secundários são opacos, apatita, zircão, mirmequita, sericita, bastita e raros cristais de granada. Os granulitos augencharnoenderbíticos-charnockíticos (CH4) são rochas de textura grossa e, constituídas de mesopertita, quartzo, plagioclásio, hornblenda, biotita e, subordinamente ortopiroxênio e clinopiroxênio. Os opacos, a mirmequita, a bastita, a apatita e o zircão são minerais acessórios. Estudos litogeoquímicos indicam que tanto os granulitos (CH1) e (CH2) foram originados da cristalização fracionada de magma granítico/granodiorítico, cálcio-alcalino de intermediário K, que deixou um cumulato de plagioclásio, hornblenda, magnetita e ilmenita (no caso do CH1) e, de plagioclásio, hornblenda, clinopiroxênio, magnetita e ilmenita (no caso do CH2), ambos gerados sob condições da fácies anfibolito. Os magmas parentais desses granulitos foram provenientes da fusão parcial de um tholeiito arqueano, com enriquecimento em LILE e com taxa de cristalização fracionada baixa, em torno de 30-31% (CH1) e 19-20% (CH2). Quanto aos charnockitos (CH6) (Domos de Brejões e Santa Inês), eles foram provenientes da fusão parcial dos granulitos (CH2). Neste caso restou um cumulato de plagioclásio, clinopiroxênio e ortopiroxênio. A presença deste último indica que a geração de (CH6) se deu sob condições da fácies granulito. As rochas de alto grau metamórfico do Bloco Jequié (BJ) mostram um padrão da evolução PT clockwise, com pressão baixa/intermediária (5-8 kbars) e alta temperatura (850-870ºC). As intrusões charnockíticas (CH6) juntamente com o calor vindo do manto causaram um incremento no gradiente termal ao redor destas estruturas dômicas produzindo gnaisses alumino-magnesianos com a paragênese hercinita + quartzo e promovendo a fusão parcial dessas rochas gerando magmas leucocharnockíticos contendo granada e cordierita. Os granulitos enderbíticos-charnockíticos (CH1) e (CH2) mostram idades de cristalização U/Pb em zircão (SHRIMP) em torno de 2,8 e 2,7 Ga, respectivamente. As idades superiores a 2,9 encontradas nos granulitos heterogêneos ortoderivados (CHO), têm mostrado que eles são mais antigos que (CH1) e (CH2). Todas estas rochas foram deformadas e reequilibradas na fácies granulito, entre 2,1-2,0 Ga. As intrusões (CH6) datadas pelo método Pb-Pb por evaporação em zircão, resultaram em idades de 2.096±3 Ma e 2.044±1 Ma, sincrônicas ao metamorfismo granulítico, datado em 2.086±18 Ma e 2.061±6 Ma (Silva et al., 2002). As idades modelo Sm/Nd do (GH), (CH1) e (CH2), situadas em torno de 3,2-3,1Ga, indicam que seus protólitos foram também arqueanos.