Pensando a desinformação com estudantes das áreas de informação e comunicação: um estudo comparado no Brasil e na Espanha à luz das competências infocomunicacionais e da competência crítica em informação

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Dedavid, Daniel Aguiar
Orientador(a): Borges, Jussara
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Palavras-chave em Espanhol:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/265445
Resumo: A desinformação é um fenômeno tão complexo quanto pervasivo na atualidade, influenciando até mesmo os destinos políticos e sanitários de populações ao redor do mundo. A Ciência da Informação é uma das áreas que têm se debruçado sobre o tema e, nesta pesquisa, recorremos às discussões sobre competências infocomunicacionais e sobre competência crítica em informação como guias teóricos e para análise de nossos estudos empíricos. Com o objetivo de investigar a percepção de alunos de cursos das áreas de Informação e Comunicação sobre o fenômeno da desinformação, realizamos entrevistas semiestruturadas com estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre, e da Universidad Carlos III de Madrid (UC3M), em Getafe (Espanha). Os participantes cursavam as graduações de Biblioteconomia e Jornalismo, na UFRGS, e Gestión de la Información y Contenidos Digitales e Periodismo (ou Periodismo y Humanidades), na UC3M. Os entrevistados estudam matérias relacionadas com a desinformação, e futuramente devem atuar profissionalmente em áreas afetadas por tal fenômeno, inclusive com potencial de prevenção e combate. No total, 32 estudantes participaram da pesquisa, sendo oito de cada curso. Os depoimentos foram objeto de análise de conteúdo e análise de discurso. As informações e dados da pesquisa estimularam reflexões e confrontos com o referencial teórico. Entre os resultados, encontramos nas falas tanto uma percepção de possibilidade de protagonismo profissional como de limitações frente à complexidade e às forças motrizes da desinformação. A educação foi apontada, com diferentes enfoques, como um caminho para prevenir, enfrentar ou resistir a dinâmicas desinformacionais, em acordo com o defendido pelas duas vertentes teóricas basilares para esta pesquisa. Percebemos ainda uma abordagem mais focada na atuação individual, especialmente nos entrevistados em Getafe, do que as defendidas pelas referidas vertentes teóricas, influenciadas pela pedagogia crítica. O funcionamento das mídias sociais e os algoritmos foram pouco referidos, principalmente em Porto Alegre, como objetos relevantes para a análise do fenômeno. A maioria (91%) das pessoas que se identificaram como do gênero masculino se considerou preparada para lidar com a desinformação, em contraste com 33% das pessoas identificadas com o gênero feminino. De maneira geral, a atuação profissional independente, com recursos adequados, respaldo e segurança no emprego, foi mencionada como preocupação dos estudantes, especialmente para um trabalho adequado no que se refere à checagem, ao rigor e ao enfrentamento à desinformação. Além disso, profissionais das áreas de Comunicação, Informação e Educação, em atuação coletiva ou individual, foram amplamente referidos como atores sociais com papel chave para pensar e agir sobre a desinformação e assuntos relacionados. Conclui-se que os estudantes estão atentos à desinformação como um desafio social e profissional, propondo abordagens envolvendo principalmente as mídias sociais e a atuação profissional rigorosa. Poucas vezes essa abordagem apontou para questões estruturais (políticas ou econômicas) do ecossistema desinformativo viabilizado nessas mídias, o que pode indicar a necessidade de maior consciência crítica nesse aspecto.