“A linguagem não pertence”: fantasmas da propriedade e da Comunicação em escritas contemporâneas (Copistas de Jorge Luis Borges, a Escrita Não Criativa e a poesia brasileira de apropriação)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Abreu, Luis Felipe Silveira de
Orientador(a): Silva, Alexandre Rocha da, Weber, Maria Helena
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/249770
Resumo: Tendo em vista a disseminação de práticas e poéticas de apropriação na produção literária, esta tese tem por objetivo indagar as relações entre autoria, posse e comunicação no pensamento contemporâneo sobre a escrita. Partindo de uma provocação de Jacques Derrida sobre o "não pertencimento da linguagem" e os fantasmas de propriedade que tal condição despertaria, investigamos as transformações semióticas e políticas pelas quais certa episteme da apropriação passou, identificando seus paradoxos, continuidades e rupturas. Na trilha de Derrida, nosso principal referencial teórico, bem como de Marjorie Perloff, Michel Foucault e Serge Margel, construímos uma visada interessada na desconstrução do gesto apropriacionista. Por meio dela, identificamos na literatura contemporânea uma espécie de retorno do discurso autoral, que tensiona a própria noção de apropriação. Assim, constituiu-se como hipótese do trabalho o funcionamento de uma cadeia de despossessões iniciada pelo não-pertecimento da linguagem: que implica em falar de apropriação como, em simultâneo, desapropriar e tomar posse, e implica também em desnaturalizar a propriedade simbólica, sempre inventada. Metodologicamente, o texto estrutura-se como um relato de investigação detetivesca, que busca identificar não só o "crime" em questão (a morte do autor), nem só os "motivos do crime" (a concepção linguística e comunicacional de não pertencimento da linguagem), mas também as estratégias pelas quais os discursos sobre a cópia produzem seus fantasmas de propriedade, uma concepção singular da posse que altera as formas de produção de sentido desta. Para isso, buscamos discutir três casos singulares da produção literária de apropriação contemporânea: as reescritas de obras de Jorges Luis Borges por Pablo Katchadjian e Agustín Fernández Mallo; a Escrita Não Criativa concebida por Kenneth Goldsmith; e certa poesia brasileira interessadas na "linguagem pública", como a de Alberto Pucheu, Veronica Stigger, Francisco Alvim e Carlito Azevedo. Ao final deste exame, concluímos pela operatividade do conceito de apropriação para se refletir sobre o próprio comunicar da linguagem, que seria impossível fora de um regime de desapropriações, falseamentos e assombros.