Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2017 |
Autor(a) principal: |
Sawitzki, Roberta Cristina |
Orientador(a): |
Antonello, Cláudia Simone |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/180989
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Resumo: |
Este estudo tem por objetivo geral apreender os entrelaçamentos entre o gênero e a inovação como uma prática social em três diferentes territórios. Os objetivos específicos, propõem: a) compreender o contexto organizacional que possibilitou a criação, a execução e a concretização dos projetos cartografados; b) identificar e descrever as práticas sociais dos projetos investigados e os agentes a elas imbricados; c) analisar as maneiras que esses profissionais enactam, experimentam e expressam sua encarnação de gênero e como esses atores a(fe)tivaram(-se) (com) os projetos de inovação cartografados; d) discorrer sobre o viés de gênero presente nos sentidos de inovação compartilhados nos diferentes territórios. Parto do argumento de que práticas de gênero são entrelaçadas (e ancoram) às práticas de inovação, havendo uma mútua afetabilidade e enactamento entre elas. Diferentes práticas de masculinidades e feminilidades são coengendrados a diferentes tipos de práticas de inovação, orientando modos de ser e de exercer o trabalho, afetando as incorporações e experiências daqueles/as que com elas se engajam, assim como as materialidades desse processo, o que, por sua vez, afeta as práticas de gênero e de inovação. A própria prática de inovação, que pressupõe neutralidade em termos de gênero, na verdade não escapa de práticas de generificação, carregando um viés (pressuposto, subtexto, discurso, conotação ou concepção) de gênero (de masculinidade(s) e/ou de feminilidade(s)) que é e está ligado ao seu tempo histórico e contexto vivido. Defendo que, embora pareçam práticas distintas, as práticas de inovação e de gênero estão na verdade intimamente imbricadas umas às outras pela materialidade dos corpos, nas práticas discursivas e nos artefatos que medeiam a relação entre o corpo e a atividade. Defendo que, embora pareçam práticas distintas, as práticas de inovação e de gênero estão na verdade intimamente imbricadas umas às outras pela materialidade dos corpos, nas práticas discursivas e nos artefatos que medeiam a relação entre o corpo e a atividade. Utilizo as temáticas práticas (apoiada em Schatzki, 2001; Reckwitz, 2002 e Hassard et. al., 2000), gênero (alicerçada em Linstead e Pullen, 2006; Nentwich e Kelan, 2007; Butler, 1990; e Martin, 2003; 2006) e inovação (me volto para a abordagem microssociológica da inovação apoiada em Gherardi, 2010, ressaltando a corrente da sociologia a partir de Akrich, Callon e Latour 2002a; 2002b, sem desconsiderar a corrente econômica quando esta é citada pelos participantes da pesquisa) como base teórica. Demonstro que o afeto (apoiada em Latour, 2009; Deleuze, 2007; Deleuze, Guattari, 1988; 1994; Spinoza, 1994; Pullen, Rhodes e Thanen, 2017; Gherardi, 2017a; 2017b e Reckwitz, 2012; 2017) atravessa essas práticas e se coengendra com elas. Conduzo a pesquisa via procedimento cartográfico, orientado por pistas, em três territórios investigados (Laboratório de Inovação Social da Mercur; Escola SESI de Ensino Médio Regular; Desenvolvimento da Cultura de Inovação do Sistema FIERGS). A pesquisa de campo teve início em junho de 2016 e perdurou até setembro de 2017. Participaram da pesquisa 36 profissionais: 14 do projeto Laboratório de Inovação Social; 12 do projeto Desenvolvimento da Cultura de Inovação; e 10 da Escola SESI. A produção de dados foi alicerçada em entrevistas, que resultaram em 94 horas de gravação e 1.880 páginas transcritas, observação participante e análise documental, com 252 páginas de notas de campo e 3.021 páginas de documentos. Entre os achados, foi possível compreender como as práticas de gênero ancoram as práticas de inovação, sendo aquelas estruturantes destas; também pôde-se apreender como as práticas sociais situadas mantém e alteram concepções, discursos e o agir em relação ao gênero e à inovação. Outro ponto importante, foi a identificação de elementos humanos e não humanos imbricados às práticas entrelaçadas de gênero e inovação, assim como dos afetos que estes elementos e práticas possibilitam. A dimensão afetiva também permitiu compreender porque algumas práticas alcançam maior êxito em termos de envolvimento, encantamento e motivação do que outras. Igualmente, pôde-se verificar como as concepções de gênero influenciam os sentidos de inovação elaborados pelos agentes envolvidos com práticas inovativas. |