O Sistema fluvial distributivo da Formação Guará, Jurássico superior, Gondwana ocidental

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Reis, Adriano Domingos dos
Orientador(a): Scherer, Claiton Marlon dos Santos
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/266366
Resumo: Os sistemas fluviais distributivos têm sido um dos temas mais discutidos em sedimentologia nos últimos anos. Foi proposto que estes sistemas constituam a maior parte do registro estratigráfico de sistemas fluviais em bacias continentais, contudo o seu reconhecimento exige estudo na escala de bacia que considerem a distribuição espacial das características sedimentológicas. Esta tese investiga a hipótese de que a Formação Guará constitua um sistema fluvial distributivo de grande porte, depositado entre o Sul do Brasil e o Uruguai, por meio do reconhecimento da extensão total da unidade e da construção de um modelo deposicional quantificado em escala de bacia. Foram levantados 1.071,2 m de perfis colunares em 64 localidades (62 afloramentos e 2 poços) entre os estados do Paraná e Rio Grande do Sul, no Brasil, e no nordeste do Uruguai. A análise de fácies permitiu a expansão da área de ocorrência da Formação Guará, antes restrita ao Rio Grande do Sul e Uruguai, até o estado do Paraná, distinguindo esta unidade das Formações Pirambóia e Botucatu. Por meio da quantificação de parâmetros sedimentológicos, foram reconhecidas variações espaciais no sistema ao longo de uma transecta NNE-SSW, paralela as paleocorrentes fluviais. Parâmetros como tamanho de grão, espessura dos corpos arenosos de canais fluviais, número de storeys por corpo arenoso e tamanho das barras indicam uma redução na profundidade dos canais, competência do fluxo e canalização para jusante, reflexo do aumento da bifurcação dos canais, infiltração e evapotranspiração. Baseado na distribuição espacial de quatro associações de fácies (canais fluviais perenes, canais fluviais efêmeros, depósitos de planície de inundação e depósitos eólicos) foi construído um modelo deposicional dividido em 4 zonas: zona 1, onde dominam os canais fluviais perenes; zona 2, onde canais perenes e efêmeros se intercalam no registro; zona 3, onde a proporção de depósitos intercanais aumenta, representados principalmente por depósitos eólicos; e zona 4, onde os depósitos intercanais são dominados por planícies de inundação. A complexidade estratigráfica da Formação Guará, que não permite o reconhecimento de padrões de empilhamento regionalmente correlacionáveis, é atribuída a flutuações de descarga controladas por variações climáticas de alta frequência. O modelo deposicional demonstra que a Formação Guará registra a deposição de um megaleque fluvial terminal com interação eólica na sua porção distal, um dos maiores sistemas fluviais distributivos já estudados no registro geológico antigo e recente, com pelo menos 1050 km de extensão. A deposição desta unidade constitui o registro da inversão tectônica e 2 reciclagem da Bacia do Paraná durante o Kimmeridgiano-Tithoniano. A criação de espaço de acomodação para a deposição da Formação Guará, bem como sua posterior deformação e erosão são atribuídas à influência tectônica da pluma Paraná-Etendeka no Gondwana ocidental entre o Jurássico Superior e o Cretáceo Inferior.