Revisão epidemiológica com ênfase nos efeitos tardios pós primeira linha de tratamento para linfoma de Hodgkin em pacientes acompanhados no serviço de oncologia pediátrica do Hospital de Clínicas de Porto Alegre no período de 1995 a 2012

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Gatiboni, Tanira
Orientador(a): Abujamra, Ana Lúcia
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/110225
Resumo: Introdução linfoma de Hodgkin (LH) é uma neoplasia que atinge tipicamente crianças e adultos jovens, com uma taxa de cura superior a 80%. Consequentemente, estes pacientes podem viver por décadas com efeitos tardios (ET) persistentes e emergentes da doença e do seu tratamento. Estes sobreviventes possuem risco aumentado para vários tipos de doenças, dentre elas, segunda neoplasia, doença cardíaca, pulmonar, disfunção endócrina e infertilidade. Objetivos Analisar epidemiologicamente os pacientes com diagnóstico de LH tratados com esquemas terapêuticos de primeira linha no Serviço de Oncologia Pediatria do Hospital de Clinicas de Porto Alegre (HCPA), visando os ET do tratamento empregado. Métodos e análise estatística estudo de coorte retrospectivo, realizado através da revisão dos prontuários médicos dos pacientes pediátricos com diagnóstico de LH tratados com esquemas de primeira linha no Serviço de Oncologia Pediátrica do HCPA, no período de 1995 a 2012. Características dos pacientes, resposta ao tratamento e efeitos tardios foram avaliados através de análise descritiva. As variáveis contínuas foram descritas por média e desvio padrão ou mediana e amplitude interquartílica. As variáveis categóricas foram descritas por frequências absolutas e relativas. O método de Kaplan-Meier foi utilizado para estimar a sobrevida global e a sobrevida livre de eventos. A comparação entre as curvas de sobrevida foi realizada pelo teste de log-rank. Para avaliar a associação entre as variáveis categóricas, os testes qui-quadrado de Pearson ou exato de Fisher foram aplicados. Para comparar as médias das doses dos esquemas quimioterápicos conforme efeitos tardios, o teste t-student foi aplicado. Resultados total de 51 pacientes, o tempo de seguimento foi de 6,9 anos (mediana), a idade ao diagnóstico variou entre 3 a 17 anos (media 9,53 anos DP=3,85); 41(80,3%) eram do sexo masculino. O tipo histológico predominante foi esclerose nodular (56,5%). A sobrevida global foi de 91,8% em 5 anos e 82,7% em 10 anos e a Sobrevida livre de eventos (SLE) em 5 e 10 anos foram 76,4% e 76,4%, respectivamente. Dezoito (35,3%) apresentaram ao menos um ET, sendo 1 (2%) alteração musculoesquelético, 1 (2%) segunda neoplasia, 6 (11,8%) infertilidade, 8 (15,7%) alteração pulmonar, 9 (17,6%) alteração da tireóide. Trinta (58,8%) dos pacientes receberam radioterapia e 13 (43,3%) apresentaram ET, sendo 9 (17,6%) alteração da tireoide, 8 (15,7%) alteração pulmonar, 6 (11,8%) infertilidade 1 (2%) alteração musculo-esquelética, 1 (2%) segunda neoplasia e nenhuma alteração cardíaca. Dezoito (36,7%) pacientes receberam radioterapia cervical e 12 (66,7%) desses apresentaram ET contra 6/31 (19,4%) dos que não fizeram (P= 0,003); 23 (46%) receberam radioterapia do mediastino e 13 (56,5%) desses pacientes desenvolveram ET e apenas 5/27 (18,5%) dos que não receberam desenvolveram ET (P=0,013). Dentre os esquemas terapêuticos mais utilizados nesta coorte, 26 (53,1%) receberam ciclofosfamida, vincristina, procarbazina, prednisona, doxorrubicina, bleomicina e vimblastina (COPP/ABV) e 10 (38,5 %) dos que receberam este esquema apresentaram ET em comparação com 6/23 (26,1%) dos que não utilizaram (P=0,537); 14 (28,6%) dos pacientes receberam bleomicina, etoposide, doxorrubicina, ciclofosfamida, vincristina, procarbazina e prednisona (BEACOPP) e 3/14 (21,4%) desses apresentaram ET ao passo que 13/35 (37,1%) dos que não utilizaram esse esquema apresentaram ET (P=0,336); 7 (14,3%) receberam bleomicina, vimblastina, doxorrubicina, dacarbazina (ABVD) e apenas 1 (14,3%) apresentou ET em comparação com 15/42 (35,7%) que não receberam (P=0,402); 4 (8,2%) dos pacientes receberam bleomicina, vimblastina, doxorrubicina, dacarbazina (ABVPC) e 1 (25%) contra 15/45 (33,3%) dos que não receberam este esquema apresentaram ET (P=1). Conclusão devido ao risco de ET e aos bons índices de sobrevida, a atenção especial para criação de regimes de tratamento com cada vez menor toxicidade tardia, assistência médica para pacientes pós-tratamento e preparação dos médicos e sistemas de saúde são de suma importância para assegurar a qualidade de vida desses sobreviventes.