Avaliação de potenciais efeitos da poluição atmosférica sobre a saúde de taxistas e seus mecanismos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Gauer, Bruna
Orientador(a): Garcia, Solange Cristina
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/201159
Resumo: A exposição à poluição atmosférica é fator de risco para inúmeras doenças e faz milhares de vítimas anualmente. Essa poluição é composta por uma mistura complexa de substâncias inorgânicas e orgânicas, material particulado (MP) e gases, oriundos da emissão de indústrias e da combustão incompleta de veículos automotores. Além da poluição atmosférica, há de se considerar a poluição interna presente em residências e diferentes locais de trabalho, sejam eles indústrias ou até mesmo escritórios. Diversos poluentes ficam adsorvidos no MP e juntos a ele são inalados, acarretando efeitos deletérios à saúde. Dentre estes poluentes presentes no MP é comum observar hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs), bem como metais e metaloides, substâncias sabidamente tóxicas e classificadas como carcinogênicas. Estudos anteriores do nosso grupo de pesquisa envolvendo taxistas associaram a exposição ocupacional destes trabalhadores a efeitos deletérios. Portanto, o presente estudo objetivou avaliar a potencial associação da exposição ocupacional de taxistas à poluição atmosférica quando comparados a um grupo de não expostos ocupacionalmente, bem como investigar possíveis mecanismos oxidativos e inflamatórios que podem levar ao aumento da suscetibilidade ao câncer nestes trabalhadores expostos. Para tanto, este estudo contou com a participação de 100 taxistas da cidade de Porto Alegre, RS, uma cidade com alto índice de poluição externa (outdoor). Além disso, como grupo de não expostos à poluição atmosférica, participaram 70 trabalhadores com funções administrativas que, portanto, estão expostos a uma poluição interna (indoor) durante a jornada de trabalho. Amostras de sangue, urina e células da mucosa oral foram coletadas. Foram realizadas análises de quantificação de biomarcadores de exposição a HPAs, pelo seu metabólito urinário 1-hidroxipireno (1-OHP), e aos elementos metálicos em sangue total. Adicionalmente, foram avaliados biomarcadores de efeito relacionados a processos oxidativos, inflamatórios, bioquímicos e de dano ao DNA. Dentro dos biomarcadores de efeito também foram avaliados marcadores moleculares de expressão de genes antioxidantes, de reparo ao DNA e relacionados a processos de iniciação e progressão tumoral. Avaliou-se também a suscetibilidade individual através da genotipagem de polimorfismos enzimáticos da biotransformação de xenobióticos. O manuscrito 1 da presente tese demonstra a maior exposição de taxistas a HPAs e aos 14 metais As e Ni. À essa exposição pôde-se associar mecanismos oxidativos e respostas inflamatórias em células imunes, com consequentes alterações em níveis transcricionais de proteínas envolvidas em processos de iniciação e progressão tumoral. O segundo manuscrito apresentou a importância do equilíbrio de elementos metálicos essenciais frente à exposição ocupacional. Neste estudo foi possível observar a exposição indoor de trabalhadores com atividades administrativas, apesar de os efeitos deletérios da exposição outdoor de taxistas serem mais significativos. A exposição outdoor foi novamente relacionada a processos inflamatórios. Além disso, foi demonstrado a redução da expressão gênica e inibição de diferentes enzimas, além de maiores danos ao DNA em taxistas. O manuscrito 3 foi uma complementação aos demais resultados, apresentando diferentes metais e trazendo o Hg como o principal poluente relacionado aos processos inflamatórios observados em taxistas dos estudos prévios de nosso grupo de pesquisa. Os resultados adicionais, por sua vez, trazem dados complementares ao presente estudo. Taxistas apresentaram poucas diferenças de marcadores imunes em relação ao grupo de trabalhadores administrativos, mas apresentaram hiperglicemia e maiores marcadores precoces de dano renal. Em relação aos polimorfismos, o polimorfismo nulo das enzimas de fase II glutationa-S- transferases T1 e M1 (GSTT1 e GSTM1), bem como polimorfismo de alelo mutado da enzima delta-aminolevulinato desidratase (ALAD1-2), parecem proteger dos danos resultantes da exposição. Nossos resultados demonstraram novamente que taxistas são mais um grupo de risco para a exposição à poluição atmosférica e que esta exposição exacerba processos oxidativos e inflamatórios que, por sua vez, agem a nível molecular danificando o DNA e alterando a expressão de genes importantes para o controle de danos e supressão de processos tumorigênicos. Por fim, maiores níveis de alguns antioxidantes exógenos mostraram-se associados a hábitos dietéticos saudáveis, além de efeitos protetivos sobre o estresse oxidativo, inflamação e o risco de câncer.