Fatores associados à transmissão vertical do HIV após implantação da profilaxia com zidovudina e nevirapina

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Menegotto, Mariana
Orientador(a): Silva, Clecio Homrich da
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/202773
Resumo: INTRODUÇÃO: A Síndrome de Imunodeficiência Adquirida (AIDS) em crianças foi descrita em 1982, 18 meses após os primeiros casos relatados em adultos. A maioria das infecções pediátricas pelo vírus da Imunodeficiência Humana (HIV) é adquirida através da transmissão vertical (TV), que pode ocorrer durante a gravidez, o parto ou a amamentação. A TV tem contribuição significativa para a pandemia do HIV, sendo responsável por 9% das novas infecções. Na ausência de medidas preventivas, suas taxas podem variar de 25 a 40%; quando há intervenção adequada, no entanto, essa taxa pode atingir até menos de 2%. Porto Alegre é a capital brasileira com a maior taxa de detecção de AIDS e em 2013, a transmissão vertical do HIV foi de 4,4% e, em 2015, foi de 2,6%. As medidas preventivas para a redução da TV evoluíram ao longo dos anos e, em setembro de 2012, o Brasil passou a utilizar o protocolo de profilaxia com zidovudina e nevirapina para o recém-nascido de alto risco, embasado no ensaio clínico HPTN 040, publicado em junho de 2012, que demonstrou maior eficiência na redução da transmissão vertical do HIV com a profilaxia com dois medicamentos em relação ao uso da zidovudina isolada. OBJETIVOS: Identificar os fatores associados à transmissão vertical do HIV após a instituição do protocolo de profilaxia neonatal com zidovudina e nevirapina em um hospital universitário, medir a taxa de transmissão vertical e o momento da infecção nas crianças (intrauterino ou perinatal). METODOLOGIA: Estudo de coorte retrospectivo desenvolvido no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) dos recém-nascidos expostos ao HIV no período de fevereiro de 2013 a dezembro de 2016. O Teste T ou Teste Exato de Fisher foi utilizado para comparar as variáveis maternas, obstétricas/perinatais e neonatais/pediátricas entre dois grupos de recém-nascidos: infectados pelo HIV e não infectados. Para verificar a associação, de forma conjunta, destas variáveis preditoras com a transmissão vertical do HIV foi utilizada Regressão de Poisson com Variâncias Robustas. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do HCPA (protocolo número 14-0292). RESULTADOS: No período estudado, 375 recém-nascidos tiveram exposição vertical ao HIV, dentre os quais 54 (14,4%), foram excluídos por perda de seguimento ambulatorial. O N final do estudo foi de 321 recém-nascidos expostos ao HIV, entre os quais a taxa de transmissão vertical foi de 2,18% (7/321; IC95%: 0,58-3,78%), sendo que quatro dos sete RN foram infectados no período intrauterino. Na análise bivariada, os fatores de risco para a transmissão vertical foram ausência de pré-natal (RR=9,4; IC95%: 2,0–44,3), diagnóstico do HIV materno no período periparto (RR=16,3; IC95%: 3,6–73,0), sífilis na gestação (RR=9,3; IC95%: 2,1–40,3), carga viral maior que 1.000 cópias/mL no terceiro trimestre ou periparto (RR=9,5; IC95%: 1,7–50,5) e ausência ou uso inadequado de terapia antirretroviral na gestação (RR=8,2; IC95%: 1,6–41,4). Em contrapartida, o aumento da idade materna mostrou-se como fator de proteção (RR=0.92; IC95% 0,87–0,98). Na análise multivariável (Regressão de Poisson com Variâncias Robustas), diversos modelos foram testados e, de acordo com cada um deles, todos os fatores de risco avaliados na análise anterior foram considerados fatores de risco independentes do aumento da transmissão vertical, exceto a maior idade materna, que se manteve como proteção. CONCLUSÃO: Os fatores de risco associados à transmissão vertical do HIV foram ausência de pré-natal, diagnóstico do HIV materno no período periparto, sífilis na gestação, carga viral superior a 1.000 cópias/mL no terceiro trimestre ou periparto e ausência ou uso inadequado de terapia antirretroviral na gestação; em contrapartida, o aumento da idade materna mostrou-se como fator de proteção. A taxa de transmissão vertical do HIV encontrada foi de 2,18% e 57,1% das infecções ocorreram no período intrauterino.