Vocações para as mulheres: o cotidiano de uma escola religiosa de formação de professoras(es)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1991
Autor(a) principal: Soares, Rosângela de Fátima Rodrigues
Orientador(a): Louro, Guacira Lopes
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/200566
Resumo: Este é um trabalho sobre a educação de mulheres no interior de uma escola religiosa de formação de professoras (es): a Escola Normal Espírito Santo (ENES), localizada na Região da Campanha - cidade de Bagé. Num recorte que vai da década de 40 à década de 70 (período da escola normal nesta instituição) investigo, através do cotidiano escolar, a promoção de um conhecimento baseado na ética cristã católica que se sobrepõe ao conhecimento intelectual, ou seja, a ENES apresenta um caráter formativo na educação das jovens mulheres, norteada por uma filosofia religiosa que resiste apesar das inovações ocorridas ao longo da história desta instituição. Apoio a investigação em depoimentos de professoras, diretoras e Madres e também em documentos escolares, abrangendo assim as diferentes décadas que investigo. A partir da leitura das fontes recolhidas, observo no cotidiano da escola valores veiculados pela doutrina católica e dentre estes, valores especificamente dirigidos às mulheres. A moral cristã (católica) coloca a sua concepção feminina baseada em três vocações: a pessoal (que representa a religiosidade da mulher), a maternal (que pode ser psicossomática e/ou espiritual e representa a função primária da mulher) e a social (que envolve o trabalho feminino dentro e fora do lar). Estas vocações presentes num texto religioso (vide anexo) em que me detenho para compreender a visão da Igreja sobre a mulher são comparadas à educação ocorrida na escola, onde as normalistas vivenciam de modo orgânico a doutrina da Igreja sobre o papel da mulher. Então, junto com o aspecto religioso há a construção de um ideal de mulher, ou seja, nesta escola foi possível observar a identidade feminina sendo construída dentro de um determinado padrão, ou seja, observar a construção feminina a partir da categoria gênero. o termo gênero é compreendido no sentido colocado por Scott (1990), representando as diferenças sociais entre o masculino e o feminino. Para a formação destas jovens com determinados princípios de caráter e temperamento entram em jogo símbolos que são apresentados no dia-a-dia da vida escolar. Tentei identificar os valores passados através destes símbolos observando algumas características próprias da escola, através de depoimentos e/ou documentos. A apresentação da escola, a relação das alunas com as religiosas, a ciência psicológica como legitimadora dos valores religiosos são, entre outros, aspectos que abordo do cotidiano da ENES. São aspectos que estão perpassados por símbolos dicotômicos como: prazer em oposição a dever, inocência em oposição a corrupção, luz em oposição a escuridão, etc. A escola atua no sentido de construir uma mulher intérprete das realidades espirituais, para atuar no local que é apontado como seu meio natural: a família. O conhecimento promovido por esta escola tem como objetivo o mundo privado, o dito mundo feminino. Porém, quando apresento as características deste cotidiano, mostro também suas contradições. Com um entendimento de cotidiano fragmentado, heterogêneo foi possível discutir as estratégias escolares relativizando-as através de comportamentos que apresentam acomodação e resistência.