“Nossos antepassados eram africanos, então somos negros também!” : as intervenções pedagógicas na promoção das relações etnicorraciais e na constituição das identidades discentes

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Ramos, Tanise Müller
Orientador(a): Xavier, Maria Luisa Merino de Freitas
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Espanhol:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/115964
Resumo: A presente tese tem como objetivo apresentar, problematizar e discutir as implicações da inclusão do ensino de história e cultura africana e afro-brasileira, em face da obrigatoriedade trazida pela lei 10.639/2003, nas narrativas e identidades de estudantes dos Anos Iniciais da Educação Básica em uma escola pública federal situada em Porto Alegre/RS, na qual situações de racismo eram identificadas cotidianamente. Nessa investigação, realizada a partir da perspectiva dos Estudos Culturais em Educação, sob uma abordagem pós-estruturalista, recebe destaque o papel da linguagem enquanto constituidora de realidades, sujeitos e identidades, tendo as abordagens de Stuart Hall como um dos focos principais para as análises realizadas. O estudo dedica-se a analisar os efeitos das práticas pedagógicas sobre as identidades discentes orientadas por uma proposta de educação das relações etnicorraciais. Dessa forma, é dado enfoque às narrativas negras produzidas através das práticas pedagógicas, as quais atuam na produção dos sujeitos, que do não-reconhecimento da história e cultura africana e afro-brasileira começaram a autodeclararem-se negros afrodescendentes e ou a reconhecerem sua ancestralidade negra. Com o objetivo de viabilizar e visibilizar as referidas narrativas negras, repertórios culturais negros foram inseridos nas oficinas pedagógicas organizadas para os alunos, produzindo outras formas de narrar a história e cultura do povo negro, com o fim de contrapô-las às narrativas eurocentradas historicamente presentes na escola. O estudo indica que as práticas produzidas constituíram narrativas de contraponto à linguagem historicamente constituída sob enfoques eurocêntricos nos processos de escolarização moderna ocidental. Tais narrativas de contraponto, que se referem às narrativas negras no cotidiano escolar, vêm interpelando as identidades discentes, produzindo sujeitos que se posicionam de modo afirmativo enquanto negros, o que, em uma análise mais ampla, poderá estar contribuindo para a construção de uma proposta pedagógica pautada pela educação das relações etnicorraciais.