Diagonais do afeto: teorias do intercâmbio cultural nos estudos da diáspora africana

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2010
Autor(a) principal: Marcussi, Alexandre Almeida
Orientador(a): Não Informado pela instituição
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Biblioteca Digitais de Teses e Dissertações da USP
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8138/tde-13102010-152346/
Resumo: Esta pesquisa analisa a historiografia que abordou a formação das culturas afro-americanas e os intercâmbios culturais entre africanos e euro-americanos, mostrando como ela tem sido marcada por uma coexistência contraditória de premissas universalistas e particularistas a respeito da natureza da cultura. Tais contradições já podem ser observadas na antropologia culturalista de Franz Boas, que desliza entre duas definições de cultura por um lado, como um espírito orgânico e estável e, por outro, como um agregado histórico e dinâmico de costumes e ideias , apontando a permanência e a mudança como aspectos simultâneos dos contatos culturais. Melville Herskovits fundamentou-se na obra boasiana e herdou essas contradições ao realizar seu estudo sobre as culturas afro-americanas, representando-as simultaneamente como uma aculturação, na chave da descontinuidade com o passado, e como uma preservação de africanismos, na chave da continuidade com as culturas africanas. Tais dificuldades desdobram-se até o debate contemporâneo em torno do conceito de crioulização e da obra de Mintz e Price, que descreve das culturas afro-americanas ressaltando ao mesmo tempo a criatividade e a sobrevivência de estruturas africanas. Autores filiados à chamada corrente afrocêntrica tentaram resolver esses impasses minimizando a transformação e privilegiando a continuidade com o passado, no que intensificaram o dualismo implícito na vertente particularista de análises anteriores. Uma outra tradição de estudos sobre os intercâmbios culturais em sociedades coloniais incluindo autores como Gilberto Freyre, Fernando Ortiz e outros associados ao pensamento pós-colonial desenvolveu um modelo conceitual distinto, centrando-se nas ambivalências e inversões presentes na dimensão afetiva dos contatos culturais. Com isso, esses autores compreenderam o intercâmbio cultural a partir de uma lógica dialética, desconstruindo raciocínios dualistas, abraçando o caráter autocontraditório dos fenômenos e propondo, assim, uma alternativa teórica aos modelos herdados do culturalismo antropológico.