Nem chefe, nem escritório? Controle e subordinação na uberização do trabalho

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Scapini, Ezequiela Zanco
Orientador(a): Cotanda, Fernando Coutinho
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/217787
Resumo: A presente pesquisa pretende contribuir para a análise e a compreensão de dois aspectos do fenômeno da uberização, quais sejam: o controle e a subordinação no trabalho de motoristas por aplicativo. Depreende-se que a uberização do trabalho traz consigo novas configurações do trabalho nas quais os elementos do controle e da subordinação assumem, de um lado, novas nuances e, de outro lado, mantém as características essenciais que se estabelecem a partir da relação capital-trabalho. Em síntese, buscamos compreender como se dá o processo de controle e de subordinação no trabalho uberizado como uma nova forma de exploração do trabalho. Para tanto, tomamos como objeto empírico de análise os motoristas de carro da empresa-aplicativo Uber, empresa que configura-se como uma das maiores em tal área, não à toa o conceito de uberização possui seu nome inspirada nela. Para o estudo de caso em questão foram utilizadas como técnicas de coleta de dados entrevistas semi-estruturadas com onze motoristas da Uber de Porto Alegre e Região Metropolitana, bem como a pesquisa documental com documentos da empresa-aplicativo Uber. Além disso, para o exame das entrevistas e dos documentos selecionados seguimos a análise categorial, a partir da formulação do modelo de análise que aborda o controle e a subordinação com os conceitos de consentimento, conflito e resistência. Com isso, busca-se fugir de uma construção teórica que veem controle e subordinação de forma mecânica, na qual o trabalhador assumiria papel estritamente passivo diante da exploração colocada. Conclui-se que, em relação ao controle, este deixa de ser um controle pessoalizado na figura de um gerente e transita para um controle impessoal, isto é, o controle por algoritmos efetivado por meio de aplicativos ou plataformas tecnológicas. Esse controle por meio de mecanismos tecnológicos, que garante o controle do trabalho de um contingente enorme de trabalhadores ultrapassando as fronteiras dos países, é extremamente necessário para o capital em um contexto marcado pela financeirização, na qual temos uma predominância do capital fictício sobre o capital industrial. No trabalho uberizado, a subordinação será ainda mais cruel, pois se valerá de uma subordinação econômica e não mais uma subordinação hierárquica. Com isso, é a imposição da sobrevivência que garantirá a efetividade da subordinação. A partir disso, concluímos que o controle e a subordinação na uberização do trabalho são construídos de maneira a se apresentarem da forma mais informal possível, ou seja, é o controle informal do processo de trabalho e de sua exploração. Controle e subordinação estão presentes, mas camuflados por meio do elemento tecnológico, do discurso do empreendedorismo e da informalidade.