COVID-19 e luto : restrições da pandemia e o impacto nos familiares das vítimas : estudo transversal realizado em um hospital público de Porto Alegre

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Santos, Simoní Crochi dos
Orientador(a): Caumo, Wolnei
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/265187
Resumo: Introdução: Embora a morte seja uma etapa do ciclo vital, o sofrimento gerado pela perda de um familiar pode representar um dos maiores desafios emocionais experimentados no curso da vida. Aproximadamente 10% dos enlutados podem apresentar dificuldades significativas na elaboração do luto, manifestando sintomas clínicos de Transtorno de Luto Prolongado (TLP) que não melhoram com o passar do tempo, necessitando de intervenções especializadas. Um possível fator complicador na atual pandemia é de que as mortes decorrentes da COVID-19, devido ao contexto e as características, possuem o potencial de aumentar os casos graves de reações do luto. Objetivo: avaliar os fatores associados com o luto prolongado provocado pelo falecimento de familiar com COVID-19, ou em decorrência desta, ocorrido no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). Métodos: este estudo transversal incluiu 203 familiares enlutados, com idades entre 18 e 72 anos que responderam, pelo menos 6 meses após o óbito, de forma on-line ou por meio de ligação telefônica, a um questionário sociodemográfico, para caracterização da amostra, e ao instrumento de Avaliação do Luto Prolongado PG-13, para mapeamento de risco do TLP. Resultados: o sexo feminino teve uma participação majoritária na pesquisa, representando 79,8% (162/203). Da amostra total, 50,2% (102/203) dos respondentes concluíram o ensino médio, enquanto 27,1% concluíram o ensino superior (55/203). O grau de parentesco com o familiar falecido mais prevalente foi o de filho(a), 64,5% (131/203). O tempo desde o óbito e a entrevista teve uma mediana de 7 meses (IQR = 1), com mínimo de 6 e máximo de 12 meses. O modelo de regressão logística identificou o nível de escolaridade do entrevistado e a presença de uma doença crônica pré-existente no falecido como fatores associados a um provável TLP em parentes de vítimas da COVID-19. Esse modelo identificou que os indivíduos com menor escolaridade apresentaram razão de chances 7 vezes maior (RC = 7,1; IC95% 1,8 - 27,9) para provável TLP, quando comparados àqueles com ensino superior completo. Por sua vez, no caso de o falecido apresentar uma doença crônica anterior, foi observado uma redução no risco de provável TLP (RC = 0,34; IC95% 0,12 - 0,99). Por fim, um total de 12,8% (n = 26) dos participantes apresentaram sintomas de um provável TLP, conforme os critérios avaliativos do PG-13. Conclusão: nesta amostra de familiares enlutados de vítimas de COVID-19 que faleceram em CTI, durante um período de restrição de circulação por motivos de saúde, identificou-se que um menor nível de escolaridade aumentou o risco para provável TLP, enquanto a existência de doenças crônicas no falecido reduziu esse risco, sendo considerado um fator protetor.