Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2021 |
Autor(a) principal: |
Silva, Liziane Guedes da |
Orientador(a): |
Machado, Paula Sandrine |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Palavras-chave em Inglês: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/229983
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Resumo: |
A presente dissertação de mestrado em psicologia social investigou as narrativas de crianças, pré-adolescentes e adolescentes negros participantes do projeto infantil Sopapinho Poético, vinculado ao Sarau Sopapo Poético e à Associação Negra de Cultura, de realização mensal em Porto Alegre/RS. O objetivo da pesquisa foi compreender as narrativas das crianças negras a respeito de infâncias e relações raciais, a partir da vivência no projeto. Este estudo foi motivado pelo restrito número de produções sobre crianças negras em suas potencialidades. Em diálogo com as crianças, buscou-se compreender suas estratégias, das suas famílias e da comunidade constituída pelo Sopapo Poético, para viverem a partir de matrizes civilizatórias negro africanas, mesmo em contexto de racismo. Os referenciais teórico-conceituais que embasaram o estudo foram a Filosofia Afroperspectivista, de Renato Noguera, a Psicologia Preta, de Wade Nobles, e o Aquilombamento, em diálogo com Beatriz Nascimento e Abdias Nascimento. A metodologia utilizada foi a Roda, da Filosofia Afroperspectivista, uma postura ético-analítica que, em 2019 e 2020 subsidiou: a participação em saraus e confraternizações; a realização de entrevistas online - devido ao contexto de distanciamento social frente ao Covid-19; a análise de lives, com a participação das crianças do Sopapinho. Uma das apostas do estudo era que a comunidade negra do Sopapinho Poético, reunida no Sarau no Sopapo Poético em relação estreita com a literatura e a arte negras, era capaz de ensinar sobre a história e cultura negro africanas para as crianças e, ao mesmo tempo, produzir subjetividade. Um segundo palpite era que ensinar em roda, de formas brincantes e infancializadas, oferecia às crianças sentidos de mundo pluriversais. A Filosofia Afroperspectivista percebe a infancialidade como a capacidade de enxergar na infância as condições de possibilidade para inventar novos modos de vida, uma ferramenta em potencial para a construção de sociedades mais polirracionais, em diálogo com matrizes africanas e ameríndias. A partir disso, consideramos que: a) o Sopapinho Poético atua como um quilombinho existencial negro-africano, um território potente que cria condições para as crianças, pré-adolescentes e adolescentes negros se sentirem apreciadas e integrando a comunidade negra; b) o Sopapo Poético agencia um quilombo existencial para as pessoas negras adultas e mais velhas, além das crianças, pré-adolescentes e adolescentes, de modo que a maioria refere sentir o acolhimento e o aquilombamento ao participar do sarau; c) a arte negra e a roda ocupam espaços fundamentais nesse território. Identifica-se que tal território é capaz de nutrir as crianças negras e comunidade negra de subjetivação, construindo caminhos para um reconhecimento afirmativo e pluriversal sobre ser negro e negra. Este reconhecimento se dá no que é similar, mas também guarda espaço ao que é múltiplo, a partir de princípios afroperspectivistas. Por fim, o Sopapinho Poético constitui um aquilombamento que gera valorização das infâncias das crianças negras, no presente momento, entendendo que o ontem, o hoje e o amanhã estão interligados. |