Os mundos que o "desenvolvimento" (des)integra : dinâmicas do lugar induzidas pela mineração da empresa VALE S. A. em Moatize, Moçambique

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2020
Autor(a) principal: Chizenga, Anselmo Panse
Orientador(a): Almeida, Jalcione Pereira de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Palavras-chave em Espanhol:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/213420
Resumo: O objetivo geral desta pesquisa é analisar as dinâmicas da instalação, do desenvolvimento e do início da produção da mina da empresa Vale em Moatize, província de Tete, Moçambique, e a sua articulação com o “discurso de desenvolvimento”. Busca-se identificar as estratégias de operacionalização e de contestação ao projeto mineiro, suas formas de sujeição e o conjunto de práticas levadas a cabo pelos atores afetados pela mineração da empresa, bem como seus efeitos políticos para a desestabilização de tal discurso. A pesquisa de campo etnográfica, associada a distintas técnicas de pesquisa, foi realizada na vila e no posto administrativo de Moatize, entre os meses de março e julho de 2018. Alicerçada na abordagem pós-estruturalista (FOUCALUT, 1996; ESCOBAR, 1996; 2010a; 2010b; 2016; GIBSON-GRAHAM, 1998; 2011; MUDIMBE, 2012), a pesquisa desvela que, no empírico em questão, tratando-se da etapa inicial da mineração (implantação e abertura da mina) a céu aberto, não pode haver coabitação com outras formas de habitar o lugar, levando a cabo o deslocamento compulsório da população afetada pela mina, de maneira que ocorre a produção discursiva de relações de inerência entre a mineração e o “desenvolvimento”, o que se faz acompanhar de técnicas de produção de dados, de classificação e de tipificação dos atores e do seu conjunto de práticas com vistas à sua compensação. A produção de dados sobre o diagnóstico socioeconômico e as formas de habitar da população afetada, bem como sua lógica de (a)normalidade, ao mesmo tempo que teve o efeito de confirmar a necessidade da instituição de novas práticas no lugar e de atividades de subsistência e a sua relação direta com as formas capitalistas de gestão da vida, também teve o “efeito real” de desintegrar o conjunto de práticas dos atores e suas economias diversas historicamente constituídas no lugar enquanto parte integrante do vale do rio Zambeze. Todavia, os questionamentos sobre a qualidade das casas, a recusa da população em receber algumas infraestruturas construídas e a aceitação da empresa na sua reabilitação, além do fracasso de algumas atividades de geração de renda implementadas, o abandono das novas casas, o desemprego e a constante negociação entre os afetados e a empresa, revelam a eclosão de uma nova pauta dos afetados para colocar em xeque o horizonte social aberto pelo “discurso de desenvolvimento”.