Implicações socioculturais em traduções brasileiras de Romeu e Julieta de William Shakespeare

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Braun, Ana Karina Borges
Orientador(a): Reuillard, Patrícia Chittoni Ramos
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/234791
Resumo: Partindo da hipótese de que a censura nos períodos de exceção é mais rígida quanto ao tratamento da tradução da linguagem de conotação sexual, empreendemos um estudo comparativo de traduções brasileiras da obra Romeu e Julieta, de William Shakespeare – publicadas no período que abrange desde o Governo Vargas (1934-1945) até a Ditadura Militar (1964-1985) −, no que se refere a dois aspectos. O primeiro diz respeito à polissemia − entendida como condensação de significados em um só significante e que constitui uma fonte potencial de inequivalência na tradução −, representada nesta obra pelas expressões de duplo sentido com conotação sexual, que denominamos jogos de linguagem. O segundo aspecto diz respeito às relações de interdependência entre poder, sexualidade, literatura e tradução. Postulamos que o tratamento da tradução da linguagem com conotação sexual shakespeariana – reprodução, suavização ou omissão dos jogos de linguagem − está condicionado às normais sociais e aos valores morais de cada contexto sociocultural e período histórico em que se afincam. Dessa forma, nós nos detemos não apenas nos estudos da Sociologia da Tradução, como também no estudo dos conceitos de obscenidade, sexualidade e pornografia a partir de sua inserção em um contexto sociocultural específico. Esse estudo se sustenta nos pressupostos teóricos de Hunt (1999), Goulemot (2000), Giddens (1992), Macrone (1998), Wells (2010) e Del Priore (2011), no que se refere ao tema da sexualidade; em Toury (1995), Schäffer (1998), Lambert (2011a; 2011b; 2015) e Even-Zohar (1990), no que se refere à Tradução; Casanova (2002), Passiani (2002), Wyler (2003), Martins (2008) e Ramicelli (2008), no que diz respeito à Sociologia da Tradução. A metodologia consiste, em primeiro lugar, no levantamento e análise dos jogos de linguagem com conotação sexual nas falas dos personagens Mercúcio e Ama no texto original que evidenciem a polissemia. A fonte do texto original é a tradução interlinear de Elvio Funck (2011), oriunda do First Folio (1623), apresentado em edição crítica de The New Cambridge Shakespeare (2003). Em segundo lugar, consiste na comparação das soluções oferecidas pelos quatro tradutores: Onestaldo de Pennafort (1940), Oliveira Ribeiro Neto (1948), Carlos Alberto Nunes (1956) e Cunha Medeiros e Oscar Mendes (1969). A análise nos permitiu corroborar a relação entre o tratamento da linguagem shakespearina com conotação sexual, as normas sociais e os valores morais dos contextos socioculturais e períodos históricos estudados e sua consequente influência na tradução. Após a análise das traduções à luz do referencial teórico, concluímos que a hipótese inicial não se confirma.