Câncer de mama triplo negativo e sua relação com o sistema imune

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2022
Autor(a) principal: Cassiano, Anita Schertel
Orientador(a): Damin, Andrea Pires Souto
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/240383
Resumo: INTRODUÇÃO O câncer de mama triplo negativo consiste em uma doença agressiva e heterogênea com prognóstico reservado e sem terapia alvo estabelecida. Evidências mostram que o microambiente tumoral exerce papel fundamental no desenvolvimento e progressão da doença e que o infiltrado linfocítico tumoral (TILs) seria capaz de predizer resposta à quimioterapia neoadjuvante. Através deste estudo, buscamos validar esta relação e compreender melhor o comportamento deste tumor. MATERIAL E MÉTODOS Foram avaliadas as pacientes com diagnóstico histológico de carcinoma mamário invasor (CMI) submetidas à quimioterapia neoadjuvante (QN) no Hospital de Clínicas de Porto Alegre no período de 2007 a 2019. Foram selecionadas aquelas classificadas por imuno-histoquímica como triplo-negativo. A análise dos TILS foi realizada através da leitura de lâminas em hematoxilina-eosina (HE) de core biópsia prévia ao tratamento, por dois patologistas independentes. Os TILs foram classificados entre baixo (0-10%), intermediário (10,1-40%) e alto (>40%) através das diretrizes do International Working Group. O índice de TILS foi correlacionado com as características clínico-patológicas e com a resposta tumoral à QN. RESULTADOS Foram avaliadas 406 pacientes submetidas a quimioterapia neoadjuvante, onde 79 eram triplo-negativos. Após revisão de prontuário, 50 pacientes foram selecionadas para leitura de TILs. A média de idade no diagnóstico foi de 49.4 anos (±1.3), sendo a maior parte das pacientes em pré-menopausa. Mais da metade encontrava-se em estadiamento clínico avançado do tumor (EC III) e recebeu quimioterapia contendo antraciclina. Vinte e uma (26.6%) pacientes apresentaram resposta patológica completa (pCR). A pCR esteve associada a menor risco de óbito e recidiva (p≤0.05), sendo a sobrevida global de 34 meses e a sobrevida livre de doença de 27 meses. O TILs era baixo em 21 (26.6%) e 31 (39.2%) das pacientes e alto em 4 (5.1%) e 9 (11,4%), havendo concordância entre as avaliações por dois patologistas independentes. Foi identificada correlação inversa entre o status menopausal e a quantidade de TILs, embora a relação entre TILs e pCR não tenha apresentado significância estatística CONCLUSÃO A busca por um tratamento específico para tumores triplo negativos permanece um desafio à ciência. Através desta coorte transversal, foi analisado o perfil clínico das pacientes e o follow-up por período de doze anos. Nossos resultados, demonstraram que a pCR está relacionada com melhores taxas de sobrevida global e livre de doença. Além disso, demonstramos que os TILs estão associados a pacientes mais jovens, em estadio pré-menopausal. Não foi encontrada relação significativa entre TILs e pCR o que pode se justificar pela amostragem reduzida, mas também pela hipótese de redução no número de TILs em estadiamento avançado da doença. Embora mais estudos sejam necessários para demonstrar o real impacto dos TILs na resposta aos tratamentos, eles constituem um exemplo da relação entre defesa natural e carcinogênese e representam um pequeno retrato do cenário tumoral, facilmente replicável no dia a dia.