Sob o prefixo trans : etnografia, transgeneridade e educação em coletivos políticos e programas de extensão

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Lima, Alef de Oliveira
Orientador(a): Steil, Carlos Alberto
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/235555
Resumo: Como aprendemos a nos tornar sujeitos políticos? Em quais circunstâncias uma identidade política é aprendida? Essas e outras perguntas são margeadas pela presente tese em Antropologia Social. No decorrer de quase três anos de trabalho de campo junto a coletivos políticos e programas de extensão que contribuem para o ingresso de Pessoas Trans no Ensino Superior, perspectivo a produção de identidades políticas. As iniciativas funcionam para além de um propósito educacional, sua investidura se baseia no combate à transfobia nos espaços formais de ensino, nos processos de aprendizagem e na garantia de formas de acolhimento para a população Trans que, por algum motivo, não concluiu os níveis fundamentais e médio de educação. No território brasileiro, mais de uma dezena de ações semelhantes podem ser encontradas. Duas delas se tornaram os principais universos empíricos da minha pesquisa, respectivamente, o coletivo pela Educação Popular TransEnem, situado em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, e o Programa de Extensão da Universidade Estadual do Ceará TransPassando, localizado em Fortaleza, Ceará. A etnografia aborda a descrição desses coletivos, seus meandros institucionais e pedagógicos, as histórias que os compõem, bem como problematiza seus objetivos, seu protagonismo e seus interesses. Além disso, organiza um debate acerca da construção de práticas sociais de aprendizagem em que uma identidade política é produzida de modo coletivo, mas também pessoalizado. Por isso, o escopo metodológico da tese se ancora em uma mirada qualitativa, utilizando dados de primeira mão: entrevistas nãodiretivas, diários de campos, relatórios e relatos. Do ponto de vista teórico, a problematização dos resultados se vincula a uma antropologia da aprendizagem e da educação, não deixando de abordar as temáticas de gênero e transgeneridade, já que se trata do principal recorte descritivo dos/das interlocutores/as da etnografia. Como resultado, a tese argumenta em favor de um processo formativo, histórico, desconstrutivo e dinâmico em que as identidades sintetizam uma prática de aprendizagem política forjada em circunstâncias sociais adversas de preconceito e discriminação. A educação, nesse sentido, passa a figurar enquanto um elemento essencial de dignidade e resistência para Pessoas Trans e Travestis. E os coletivos se tornam agentes sintetizadores de uma vontade social difusa desse grupo por seu reconhecimento, mesmo com todos os seus problemas de representatividade.