Territórios em movimento : narrativas de jovens sobre viver, habitar, resistir

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2014
Autor(a) principal: Kammsetzer, Christiane Silveira
Orientador(a): Palombini, Analice de Lima
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/115093
Resumo: Esta pesquisa teve como ponto de partida inquietações suscitadas no trabalho como psicóloga em um serviço de Atenção Básica do Sistema Único de Saúde, quanto ao lugar deste profissional na atenção a moradores de uma comunidade em processo de reassentamento urbano. A remoção dos habitantes do território Vila Dique e seu reassentamento no conjunto habitacional Porto Novo, em região fronteiriça da cidade, é concomitante às reformas urbanas para receber a Copa do Mundo Fifa 2014 em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul. A pesquisa buscou visibilizar os modos de vida e experiências urbanas de jovens deste território, problematizando como essas experiências produzem seus territórios existenciais (subjetivação). Os principais orientadores metodológicos são as contribuições de Walter Benjamin, em especial no que concerne ao Método da Montagem, Narração, Flânerie. A pesquisa constituiu-se em um caleidoscópio de memórias, em que a escuta das narrativas dos jovens sobre suas experiências nos lugares de moradia somou-se às lembranças da pesquisadora no encontro com outros jovens em seu contexto de trabalho. Os participantes foram jovens entre 12 e 29 anos vinculados ao Projeto de Extensão Memórias da Vila Dique, parceria entre Faculdade de Educação/ Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Unidade de Saúde Santíssima Trindade/ Grupo Hospitalar Conceição. A pesquisadora acompanhou as ações do Projeto em 2013: rodas de conversa e video realizado com os jovens sobre suas redes de sociabilidade, práticas culturais e a experiência de reassentamento. O registro foi feito em diários e também foram utilizadas transcrições de materiais colhidos no âmbito do Projeto. As narrativas que aqui apresentamos traduzem a multiplicidade de experiências dos jovens com seus territórios de moradia. A heterogeneidade da vida na Vila Dique/Porto Novo se expressa nos diferentes pontos de vista sobre espaços e situações que poderiam parecer ter sido vividas de modo semelhantes. Mesmo com a pluralidade de experiências descritas, todos os jovens conferem importância ao senso de coletividade, às ações dos moradores pró-comunidade, denotando sensação de pertencimento e identificação com a “causa” do grupo. As histórias compartilhadas, as memórias dos moradores mais antigos, que vão passando de geração em geração através da oralidade – e hoje ganham materialidade através do Projeto Memórias– são vetores que legitimam estes sentimentos, contribuindo para reforçar esta (ilusão de) identidade coletiva. Um efeito disso é a sensação de continuidade entre a Vila Dique e o Porto Novo que aparece nas falas dos jovens, em que a Dique ainda é referência (tanto positiva como negativa). Também foi possível verificar, nesse percurso de pesquisa, que para os jovens o território está intrinsecamente relacionado ao entorno e à cidade. As narrativas que aqui traçamos dizem, ainda, de um desejo de cidadania. Com as questões levantadas na pesquisa, buscamos trazer olhares sobre os jovens moradores de regiões de ocupação que não passem necessariamente pela precariedade e fragilidade decorrente da condição social (discurso corrente acerca dessa população). Interessa-nos contribuir com os estudos sobre juventude e práticas voltadas para esse público nos campos da Psicologia Social e Saúde Coletiva.