Representações do corpo leitor na pintura artística brasileira do século XIX e início do século XX : contribuições para a história das práticas de leitura

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Saturnino, Edison Luiz
Orientador(a): Stephanou, Maria
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/37401
Resumo: A investigação, inscrita no âmbito da História da Educação, em especial da história da leitura no Ocidente, na perspectiva da história cultural, toma como eixo privilegiado de atenção a historicidade dos corpos inscritos nos processos de leitura. Os indícios são buscados na pintura artística brasileira, produzida no século XIX e no início do século XX. Procura demonstrar de que maneira as imagens das pinturas artísticas, concebidas como representações, possibilitam observar vestígios das práticas de leitura do passado que propiciam pensar as percepções dos artistas, que se transformam em narradores de histórias e de enredos, nutridos pela imaginação criadora e por suas experiências no lugar e no momento vivido. De certa forma, cada artista pode ser considerado como o leitor da realidade de seu tempo; captura e retrata flagrantes do cotidiano e observa as relações práticas dos leitores, em diferentes situações, com os objetos de suas leituras. Os corpos que leem estão aí representados numa diversidade inusitada. As construções teóricas de Roger Chartier, de Robert Darnton, de Peter Burke e de Sandra Jatahy Pesavento sustentaram a análise e levaram a pensar acerca das permanências e das rupturas significativas que têm lugar na longa história das maneiras de ler. Além disso, justificam a escolha em examinar a história das práticas de leitura a partir da iconografia que representa o corpo leitor. A consulta junto a livros de história da arte, a catálogos de exposições e a acervos virtuais de fundações de arte, pinacotecas e museus brasileiros possibilitaram a constituição de um corpus documental formado por 85 obras, todas produzidas por artistas brasileiros ou por artistas estrangeiros que permaneceram longos períodos no Brasil e puseram-se a retratar cenas do cotidiano do país. Deste conjunto de pinturas, 45 obras foram selecionadas para compor as séries iconográficas analisadas na investigação. Concebendo que toda a experiência de leitura exige uma atitude do corpo, mesmo que seja para a decifração silenciosa das palavras e das imagens inscritas nos textos, o trabalho direciona sua atenção, primordialmente, para a análise dos corpos leitores e para as gestualidades que presidem a leitura. A partir da indagação sobre aquilo que as obras de arte têm a dizer sobre o corpo leitor, é possível afirmar que as pinturas artísticas produzidas no Brasil, ao longo do século XIX e nas primeiras décadas do século XX possibilitam discorrer sobre a corporalidade relacionada à leitura, considerando que o exercício do ler exige uma postura corporal que se modifica de acordo com os suportes, com os lugares e com as expectativas de leitura. Além disso, essas imagens demonstram que as práticas de leitura do período analisado estão atravessadas por questões de idade, de gênero, de etnia e de classe social. Expressam diferentes espaços constituídos para a leitura, suas distintas modalidades, a diversidade dos suportes que comunicaram os textos e do mobiliário que sustentou o corpo leitor. Sugerem, ainda, as diferentes motivações que presidem a leitura.