Organização processual de um novo cinema ? Estudos de caso da construção de trajetórias de grupos produtores independentes na Tríplice Fronteira Brasil-Paraguai-Argentina

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Oderich, Cecília Leão
Orientador(a): Baldi, Mariana
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/197904
Resumo: O cinema é uma arte moderna reconhecida por sua potência tanto para legitimar padrões, quanto como um espaço de expressão e transformação. O cinema se constrói a partir das possibilidades técnicas, e a técnica se expande, também, a partir do querer artístico. O cinema independente pode representar uma alternativa para a expressão da diversidade cultural já que, em geral, não está imbuído da forma hegemônica de produção de sentido. A região da tríplice fronteira Brasil-Paraguai-Argentina é marcada pela multiculturalidade, propiciando um ambiente singular para a produção cinematográfica, principalmente a partir da implantação do curso de Cinema da UNILA – Universidade Federal da Integração Latino-Americana, em Foz do Iguaçu. Este trabalho analisou as trajetórias de grupos produtores de cinema independente na região da tríplice fronteira. Para fundamentar o trabalho, foram construídos capítulos apresentando discussões e referenciais teóricos sobre: a perspectiva processual cooperiana; a arte e a indústria cultural; as bases e as influências das racionalidades instrumental e substantiva; a história do cinema e o cinema no Brasil; o conceito de cinema independente e suas características em estilo e conteúdo; a questão da fronteira e da diversidade cultural. A perspectiva processual foi escolhida por possibilitar a análise das organizações no balanço estrutura-processo, dentro e entre margens e limites, em organização/desorganização e momentos de criação, ou seja, constitui alternativa pertinente para pesquisar, de maneira compreensiva, organizações no campo da cultura. O processo metodológico foi qualitativo e transcorreu através de estudo multicasos com três grupos produtores de cinema independente, um de cada país, Brasil, Paraguai e Argentina, todos participantes do 3 Margens – Festival Latino-Americano de Cinema, em 2017. No decorrer de 2018 foram realizadas entrevistas, observações, contatos por mídias sociais, diários de campo, apreciação de filmes, pesquisa documental, além da busca por contribuições da UNILA e da Fundação Cultural de Foz do Iguaçu. Realizou-se análise de conteúdo e o método de história de vida, dada a relevância percebida, no fluxo de pesquisa, dos protagonistas de cada caso. A pesquisa transcorreu considerando o momento e o contexto em que a produção cinematográfica começa a se configurar na região, apresentando aspectos da organização/desorganização na dinâmica de alternância e o predomínio de processo e busca por estrutura, com forte presença de relações e de redes de conexão no fluxo do trabalho. A tese oportuniza visibilidade aos produtores de cinema da região e pretende inspirar formas de apoio, em especial através de políticas públicas culturais voltadas para a fronteira, considerando as diferentes formas de fazer cinema, favorecendo a integração regional, a preservação e a promoção da arte e da diversidade cultural. Destaca-se a importância da universidade como protagonista do movimento, evidenciando a transversalidade de políticas educacionais e culturais. Apresentam-se contribuições para a Administração, no campo dos Estudos Organizacionais, através da análise a partir da perspectiva processual, da construção de conhecimentos integrando Administração e Cinema e pela abertura da reflexão epistemológica sobre a produção do sujeito administrador, no que tange ao entendimento do que significa “ser organizado”. Pensando no devir, sugere-se relevante o movimento da Comissão Fílmica e da representação nas alianças audiovisuais entre os países, a exemplo da Rede de Cooperação Audiovisual Entre Fronteiras e da Reunião Especializada de Autoridades Cinematográficas e Audiovisuais do Mercosul. Com a multiplicidade dos focos de produção artística e cultural e a expansão dos horizontes do cinema, a comunidade da tríplice fronteira pode ter valorizadas as suas características e o seu espaço compartilhado de saberes e fazeres.