Violência no trabalho da enfermagem e a percepção de cultura de segurança do paciente : um estudo multicêntrico de métodos mistos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Santos, Cibele dos
Orientador(a): Dal Pai, Daiane
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/218108
Resumo: O objetivo deste estudo foi analisar a relação entre violência no trabalho da enfermagem e a cultura de segurança do paciente em hospitais da região sul do país. Desenvolveu-se um estudo de método misto, do tipo sequencial explanatório. Na primeira etapa (quantitativa) da investigação foram mensuradas as características demográficas e laborais dos trabalhadores, a ocorrência da violência nos últimos 12 meses por meio do Hospital Survey Questionnaire Workplace Violence in the Health Sector e a percepção da cultura de segurança do paciente, por meio do instrumento Hospital Survey on Patient Safety Culture. A seleção dos trabalhadores (n=389) foi realizada por meio de sorteio aleatório proporcional ao estrato das categorias profissionais. Na segunda etapa (qualitativa) do estudo foram entrevistados 33 sujeitos vítimas de violência, selecionados intencionalmente para responder à entrevista semiestruturada e definidos por saturação dos dados. Utilizou-se estatística descritiva e analítica para os dados quantitativos, considerando estatisticamente significativo p<0,05. Os dados qualitativos foram submetidos a análise temática, e sequencialmente, foram articulados e confrontados aos dados quantitativos. Aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (nº 713.728). Prevaleceram mulheres (83,3%), com idade média de 44 anos (+9,5), experiência de 15 anos (+9,2) no setor saúde e auxiliares e técnicos de enfermagem representaram 74,5% dos trabalhadores. A violência no trabalho foi referida por 51,8% dos participantes. A agressão verbal foi o tipo de violência mais prevalente (40,8%), seguido de assédio moral (21,1%), discriminação racial (2,9%) e assédio sexual (2,7%). Pacientes e acompanhantes somam os maiores percentuais como praticantes da violência no trabalho, exceto para o assédio moral, o qual foi perpetrado principalmente de chefia e colegas. A violência a trabalhadores de enfermagem se manifesta por meio de opressões, xingamentos, ameaças, empurrões, tapas, socos e até mesmo arremessos de objetos. As pessoas agredidas se sentiram humilhadas, menosprezadas, inseguras, desconfortáveis e envergonhadas diante dos episódios de violência. Na avaliação da percepção da cultura de segurança do paciente, a dimensão “aprendizagem organizacional e melhoria contínua” foi considerada como “área forte” para a segurança do paciente (>75% de respostas positivas). Os trabalhadores que sofreram violência avaliam pior a percepção da cultura de segurança do paciente em 11 dimensões (p<0,05). Na análise de regressão múltipla das 12 dimensões a avaliadas, dez obtiveram influência direta da variável sobre a experiência da violência no local de trabalho e duas obtiveram influência com os escores que avaliaram o nível de preocupação da violência no trabalho. Os participantes relataram que sofrer violência no local de trabalho interfere na comunicação, nas relações interpessoais, na continuidade e na qualidade do cuidado. Diante dos resultados consideram-se urgentes ações de prevenção da violência no espaço laboral, fornecer treinamento à equipe para melhorar as habilidades de comunicação e adotar estratégias de resolução de conflitos, acompanhados de esforços para implementação de um ambiente de prática segura e livre de danos.