Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2022 |
Autor(a) principal: |
Carvalho, Luana Crestani de |
Orientador(a): |
Santos, Eliane Kaltchuk dos |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/250263
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Resumo: |
Herbertia quareimana é uma espécie herbácea com distribuição restrita a poucas localidades do bioma Pampa próximas à fronteira do Brasil com Argentina e Uruguai. Dois tipos de populações de H. quareimana são observados a campo: populações próximas à FronteiraOeste do Estado do Rio Grande do Sul com características florais e vegetativas maiores (morfotipo grande) e populações na região das Missões com morfologia aparentemente menor (morfotipo pequeno). Populações mistas contendo os dois morfotipos não foram encontradas até o momento. Análises citogenéticas preliminares realizadas pelo grupo de pesquisa indicavam a existência de plantas diploides em H. quareimana nas Missões, em adição ao citótipo tetraploide (morfotipo grande) já descrito na literatura. A existência de variação intraespecífica em nível de ploidia é um evento comum em Iridaceae e outros grupos de plantas. A poliploidia pode resultar em diferenças morfológicas e ecológicas, com reflexo na taxonomia. Assim, o presente estudo tem como objetivo responder aos seguintes questionamentos: i) existem realmente dois morfotipos distintos de H. quareimana? ii) há alguma relação entre essa diferença morfológica e o nível de ploidia? iii) o que poderia explicar a separação geográfica entre eles? Para atingir esse objetivo, foi utilizado um conjunto de abordagens que contemplaram técnicas de citogenética, análise morfométrica e de modelagem de nicho. Contagem cromossômica e citometria de fluxo foram empregadas para acessar o nível de ploidia de indivíduos pertencentes tanto ao morfotipo pequeno quanto ao morfotipo grande. Para a análise morfométrica foram examinados 22 caracteres florais e 23 vegetativos e estatística univariada e multivariada foi empregada para acessar a variação. Modelagem de nicho foi realizada para investigar a distribuição de H. quareimana, através de uma abordagem focada em machine learning, gerando modelos de distribuição para cada citótipo e para a espécie. As análises citogenéticas revelaram a existência de um citótipo diploide que corresponde ao morfotipo pequeno e confirmaram o citótipo tetraploide já previamente reportado na literatura (morfotipo grande). Não foram observadas populações mistas para os dois níveis de ploidia em nenhuma das amostragens investigadas. Os resultados das análises morfométricas foram consistentes com as observações a campo e identificaram dois grupos morfológicos bastante distintos: um somente com indivíduos pequenos (diploides) e outro somente com indivíduos grandes (tetraploides). Além disso, a análise estatística mostrou que os níveis de ploidia de H. quareimana podem ser identificados através de nove caracteres florais. A análise dos dados geográficos disponíveis para H. quareimana mostrou que os citótipos encontram-se segregados geograficamente: populações diploides ocorrem na região noroeste do Rio Grande do Sul (na região das Missões) e populações tetraploides são encontradas no sudoeste do Rio Grande do Sul (compreendendo a região da Campanha). Esse resultado foi validado pela modelagem de nicho: foi verificado que os citótipos ocupam nichos distintos, com áreas de probabilidade de ocorrência com abrangência distinta entre os níveis de ploidia. As estratégias de análise empregadas no presente estudo permitiram confirmar a existência de dois citótipos em Herbertia quareimana, bem como evidenciaram que o nível de ploidia impacta na morfologia e na ecologia do organismo em questão. Esses resultados contribuem para um melhor entendimento sobre os limites de espécie em H. quareimana e sugerem novas perspectivas para hipóteses evolutivas. Ainda, os resultados de modelagem podem também ser úteis como subsídio em uma futura revisão do status de conservação da espécie. |