Inundações em múltiplas escalas na América do Sul : de áreas úmidas a áreas de risco

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Fleischmann, Ayan Santos
Orientador(a): Collischonn, Walter
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: eng
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/236862
Resumo: A América do Sul abriga alguns dos maiores sistemas hídricos do planeta, frequentemente associados a grandes planícies de inundação, como o Pantanal e várias áreas da Amazônia. Áreas úmidas (AU’s) interfluviais são também encontrados no continente, com características geomorfológicas particulares, e vegetações de savana e gramíneas únicas. As AU’s da América do Sul provêm diversos serviços ecossistêmicos, como suporte à biodiversidade, provisão de alimento e atenuação de cheias. Humanos têm se estabelecido ao redor de AU’s por milênios, se beneficiando dos recursos providos por elas. Eles se adaptaram ao seu regime de inundação, e adaptaram sua paisagem, definindo o que tem sido chamado de sistemas sociedade-água. Por outro lado, um número crescente de pessoas têm sido negativamente afetado por cheias extremas. Da escala continental à local, esta tese convida o leitor a uma jornada através de importantes AU’s da América do Sul e suas particulares dinâmicas de inundação, sob a luz da era dos satélites e dos grandes avanços em modelagem hidrológica-hidrodinâmica das últimas décadas. Este trabalho é baseado na proposta de uma escala continental de pesquisa sobre AU’s, e é baseado em uma abordagem de hidrologia comparativa. Inundações são estudadas em múltiplas dimensões, de processos de AU’s naturais à questão do perigo para humanos. A primeira parte apresenta uma série de estudos sobre as AU’s da bacia amazônica, desde o desenvolvimento de modelos 1D e 2D para simular processos hidrológicos em tipos contrastantes de AU’s na bacia do Rio Negro, até a intercomparação de 29 produtos de inundação e avaliação de tendências de inundações de longo prazo para a escala da bacia amazônica. Enquanto a maioria dos estudos de AU’s foi conduzida nas várzeas do rio Amazonas, importantes lacunas do conhecimento permanecem para a compreensão da dinâmica hidrológica de áreas interfluviais como Llanos de Moxos e as savanas do rio Negro, onde a inundação é menos previsível e mais rasa. A segunda parte da tese utiliza dados oriundos de satélites relacionados a múltiplas variáveis hidrológicas (níveis d’água, armazenamento total de água, extensão de áreas inundadas, precipitação e evapotranspiração) para estudar a hidrologia de 12 grandes sistemas de AU’s do continente. São destacadas as grandes diferenças entre planícies de inundação e AU’s interfluviais em termos de amplitude anual de níveis d’água, defasagem entre precipitação e inundação, e dinâmica de evapotranspiração. Por fim, a última parte da tese aborda o componente de perigo de inundação das interações sociedade-água através de avaliações em grande escala da dinâmica de inundação e dos efeitos de infraestruturas construídas (como barragens) na atenuação de cheias. A dinâmica das grandes cheias de 1983, um dos anos mais extremos já registrados no continente, é avaliada com um modelo hidrológico continental. Depois, a capacidade de modelos continentais para simular o continuum entre rios, planícies de inundação e reservatórios que existe em grandes bacias hidrográficas é avaliada com estudos de casos para importantes bacias afetadas pela intervenção humana (bacia dos rios Paraná e Itajaí-Açu). Enquanto esta tese avança a compreensão de relevantes processos hidrológicos relacionados a inundações na América do Sul em múltiplas escalas, bem como seus efeitos positivos e negativos nas sociedades humanas e ecossistemas em geral, importantes lacunas do conhecimento persistem e fomentam importantes oportunidades de pesquisa futuras. O lançamento de várias missões satelitais orientadas a hidrologia, e uma cada vez mais crescente capacidade computacional, faz da agenda continental de hidrologia relacionada a AU’s e inundações um grande tópico de pesquisa para os próximos anos.