Identificação das vogais [i-ɪ] do inglês por falantes bilíngues (português/inglês) e trilíngues (português/inglês/espanhol)

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Bernardino, Daniela da Silveira
Orientador(a): Alves, Ubiratã Kickhöfel
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/274571
Resumo: O desenvolvimento de novas categorias fonético-fonológicas é esperado quando o ouvinte identifica um som da L2 que difere do som mais próximo da sua L1 (FLEGE, 1995; FLEGE; BOHN, 2021). O presente estudo busca investigar efeitos, na identificação segmental em L2 (inglês), em função da expectativa de alteração das categorias acústicas perceptuais de falantes multilíngues que se encontram em diferentes fases de desenvolvimento de uma L3 (espanhol). Partimos da premissa de que, ainda que o sistema vocálico do espanhol seja menos numeroso do que os demais, o desenvolvimento de uma terceira língua implicará modificações no sistema vocálico da L2 aqui investigada. Para tal verificação, averiguamos a acuidade na percepção do par de vogais [i] e [ɪ] do inglês (L2), por falantes brasileiros trilíngues (em dois diferentes graus de proficiência da L3) e bilíngues (avançados na L2), através de uma tarefa de identificação. A tarefa contou com estímulos naturais ([i] e [ɪ]) e manipulados em sua duração ([i], com duração vocálica reduzida), com a finalidade de verificar a formação de novas categorias fonético-fonológicas na L2 em decorrência do acréscimo de uma nova língua no espaço fonético-fonológico do ouvinte. Ademais, ao tomarmos por base as considerações sobre peso majoritário de pistas, estabelecidas em Holt e Lotto (2006), verificamos, também, se os ouvintes se baseiam majoritariamente em pistas acústicas espectrais (frequência dos formantes) ou temporais (duração vocálica). Para isso, o estudo contou com três grupos de participantes: Grupo 1 - falantes brasileiros de inglês avançado como L2 e espanhol avançado como L3 (n = 8), Grupo 2 - falantes brasileiros de inglês avançado como L2 e espanhol iniciante como L3 (n = 9) e Grupo 3 - falantes brasileiros de inglês avançado como L2 que não estavam em processo de desenvolvimento de L3 (n = 10). A partir da análise inferencial, baseada em um modelo de regressão logística de efeitos mistos, não foram verificadas diferenças significativas entre os grupos avaliados, apesar de ter sido verificada uma diferença em termos descritivos. Os resultados confirmam o que foi apontado na literatura (HOLT; LOTTO, 2006; KIVISTÖ-DE SOUZA et al., 2017) acerca da tomada da pista da duração vocálica, por parte dos ouvintes brasileiros, como uma pista acústica que é também levada em consideração na distinção entre a vogal tensa [i] e a vogal frouxa [ɪ] em inglês, juntamente com a qualidade vocálica. A maior dificuldade em identificar a vogal frouxa também estava prevista na literatura (FLEGE, 1995; BION et al., 2005; RAUBER et al., 2005; IVERSON; EVANS, 2005, 2009; FLEGE; BOHN, 2021), visto que existe a necessidade da formação de uma nova categoria fonético-fonológica por parte dos aprendizes brasileiros de inglês, pois o PB não possui uma categoria para a vogal /ɪ/. Ainda, de acordo com uma análise person-centered posteriormente realizada, percebemos que cada ouvinte possui sua trajetória, e cada contato com a língua adicional implica um resultado único, visto que não necessariamente todo participante que assinalou ter contato por mais tempo com a L2 resultou em índices de acuidade mais elevados. Essa verificação vai ao encontro dos postulados da Teoria dos Sistemas Dinâmicos Complexos (VERSPOOR; LOWIE; DE BOT, 2007, 2021; LARSEN-FREEMAN; CAMERON, 2008; BECKNER et al., 2009; VERSPOOR; DE BOT; LOWIE, 2011; DE BOT, 2015, 2017; LARSEN FREEMAN, 2015; LOWIE; VERSPOOR, 2015, 2019; LOWIE, 2017; HIVER, 2022). Por último, cabe dizer que a reorganização de todo o espaço fonético-fonológico (FLEGE, 1995; FLEGE; BOHN, 2021), ao inserirmos um terceiro sistema vocálico, não pôde ser totalmente confirmada, já que percebemos a diferença nos índices de acuidade somente de maneira descritiva e não inferencial. A partir dos resultados encontrados, esperamos contribuir com a área fornecendo insumos para a discussão sobre percepção de sons não nativos e desenvolvimento de sistemas multilíngues.