Alternativas de controle da infecção por Mycoplasma hyopneumoniae em suínos

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Nagae, Ricardo Yuiti
Orientador(a): Barcellos, David Emilio Santos Neves de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/259604
Resumo: Mycoplasma hyopneumoniae (M. hyopneumoniae) é o agente causador da Pneumonia Enzoótica, responsável por perdas econômicas significativas no sistema de produção de suínos. O objetivo desta tese foi gerar informações e desenvolver estratégias para o controle de M. hyopneumoniae em um sistema de produção de suínos. Três estudos foram realizados para atingir este objetivo. O primeiro avaliou a eficácia de nebulizador, contendo inóculo positivo à M. hyopneumoniae, para exposição de leitoas de reposição em um programa de aclimatação. O experimento foi realizado em duas fases. Na fase 1, um total de 34 e 107 leitoas foram selecionadas de duas granjas (A e B), e expostas ao inóculo através do uso de um nebulizador. O inóculo utilizado nas granjas A e B foi diluído nos meios PPLO e Friis, respectivamente. Na fase 2, uma subamostra de leitoas da granja B foi monitorada até o parto e os leitões nascidos destas leitoas foram monitorados dos 15 dias de vida até o abate. Os resultados mostraram que o uso de nebulização com inóculo positivo de M. hyopneumoniae foi capaz de aclimatar leitoas independente do meio utilizado. Entretanto, não evitou a presença de leitoas positivas ao parto e a detecção do agente em sua progênie na PCR. Nas fases de creche e terminação houve um aumento na prevalência de animais positivos. Para o controle da pneumonia enzoótica é frequente o uso de antimicrobianos (ATM), aumentando o seu consumo no sistema de produção de suínos. No intuito de reduzir o uso de ATM, o segundo estudo avaliou o uso de extrato herbal (HE) em substituição aos ATM na ração durante a fase de creche e terminação em suínos positivos ao M. hyopneumoniae. Um total de 324 leitões desmamados foram submetidos a três tratamentos ATM-Free (sem antimicrobiano), HE (com extrato herbal) e ATM (com antimicrobiano) e o seu desempenho avaliado na creche, terminação e no abate. No período de creche não houve diferença (P ≥ 0,05) em peso vivo, ganho de peso diário e percentual de mortalidade/refugagem entre o tratamento com HE e com ATM. No entanto, a conversão alimentar foi pior no HE comparado ao ATM. Resultados similares em peso vivo foram observados na fase de terminação. Ao abate a presença de lesões pulmonares e a detecção do agente na PCR em todos os tratamentos confirmou a presença de doença respiratória. Apesar de não haver diferença (P = 0.159) no escore de lesões pulmonares entre os tratamentos, a prevalência de lesões pulmonares com grau leve foi maior no ATM e HE do que no ATM-Free. Este estudo mostrou que o extrato herbal pode ser considerado como uma alternativa de substituição aos ATM na ração sem impactos relevantes em performance, exceto em taxa de refugagem. Em rebanhos positivos à M. hyopneumoniae existem outros agentes respiratórios que em situação de elevada pressão de infecção do ambiente, como a mistura de origens, podem causar quadros clínicos de doença respiratória. Neste sentido, um terceiro estudo observacional foi realizado para avaliar o impacto do fluxo de produção e das características sanitárias da origem dos leitões na contaminação do ambiente em rebanhos endêmicos para M. hyopneumoniae. O estudo foi realizado na fase de creche utilizando 3 fluxos de produção: origem única, duas origens e três origens. Amostras de superfície do ambiente foram coletadas para avaliar a detecção de bactérias e vírus pela PCR antes do alojamento dos leitões e durante o período de creche. Os resultados de PCR mostraram que patógenos respiratórios foram detectados em todas as origens avaliadas no estudo, com uma alta prevalência para Glaesserella parasuis e Pasteurella multocida. O fluxo de produção com mistura de três origens apresentou uma maior prevalência de Glaesserella parasuis, Pasteurella multocida e PCV2 em comparação com as origens únicas, o que sugere uma alta pressão de infecção neste modelo de fluxo. No entanto, M. hyopneumoniae não foi detectado nas amostras de superfície. Estudos adicionais são necessários devido o ciclo da doença em rebanhos endêmicos. O atual estudo demonstrou que amostras de lenços de superfície podem ser usadas para monitorar a presença de diversos agentes patogênicos para suínos e que o número e as características das origens dos leitões podem ter impacto na contaminação do ambiente, o que poderia aumentar a pressão de infecção na fase de creche e favorecer a ocorrência de doenças como Doença de Glässer, Pasteurelose pulmonar e Circovirose suína. Estes estudos mostraram que métodos alternativos de controle da infecção por M. hyopneumoniae são possíveis na suinocultura tecnificada.