Debate público sobre mudanças climáticas e agricultura no Brasil : práticas discursivas na Faculdade de Agronomia da UFRGS

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2018
Autor(a) principal: Dutra, Eduardo Hernandes
Orientador(a): Fleury, Lorena Cândido
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/242082
Resumo: Desde as últimas décadas do Século XX temos visto emergir um debate público mundial sobre mudanças climáticas causadas pela ação antrópica a partir da intensificação do uso de combustíveis fósseis e da alteração de ecossistemas. Aparecem como principais expressões desse debate hoje as Conferências das Nações Unidas sobre o Clima e o debate em curso na Comunidade Internacional de Geologia sobre a adoção do termo Antropoceno. A agricultura é um dos setores centrais para se pensar as causas e consequências das mudanças climáticas. O setor aparece como um dos maiores emissores diretos de Gases de Efeito Estufa (GEE) e também como um setor imediatamente impactado pelos efeitos das mudanças climáticas. Como um dos efeitos mais marcantes das mudanças climáticas projeta-se um aumento da insegurança alimentar no mundo. No Brasil, o estudo da relação entre mudanças climáticas e agricultura é fundamental. Segundo dados da comunicação nacional do Brasil à ConvençãoQuadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-22), de 2016 os setores agricultura e uso da terra, mudanças do uso da terra e floresta somaram 60% das emissões em 2010 (BRASIL, 2016). Por outro lado projeta-se uma reorganização da geografia da produção agrícola no Brasil em que sete entre os nove principais cultivos devem ter as áreas de baixo risco para os cultivos reduzida em função de mudanças climáticas (DECONTO, 2008). Desta discussão emergem desafios de mitigação, adaptação e construção de resiliência na agricultura. A partir deste contexto nos pareceu interessante investigar como reflete essa problemática na produção de conhecimento. Esse debate é feito nesse trabalho com a resposta à seguinte questão central: como as práticas discursivas de professores pesquisadores da Faculdade de Agronomia (FA) incorporam o debate público sobre mudanças climáticas, e como esse debate é incorporado na justificação de perspectivas em disputa no âmbito do saber agronômico? De forma a responder esta questão foi feito pesquisa de campo na FA da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) de abril a outubro de 2017 com a observação participante de disciplinas regulares e entrevistas semi-estruturadas com professores/pesquisadores de diferentes departamentos do curso de Agronomia da UFRGS. Para a análise do conteúdo recolhido em campo buscamos inspiração na Arqueologia do Saber proposta por Michel Foucault e nas categorias de colonialidade do saber e da natureza do Grupo modernidade/colonialidade da América do Sul. Deste trabalho de dissertação pudemos concluir que as práticas discursivas sobre mudanças climáticas disseminadas em diferentes setores das sociedades configuram novas positividades capazes de reorganizar as disputas pelos critérios de legitimação no âmbito do saber. O debate público sobre mudanças climáticas é incorporado de forma ampla e não homogênea na FA. Diferentes perspectivas articulam a gramática das mudanças climáticas com jogos de conceitos e séries de escolhas teóricas de forma a legitimar suas posições na disputa pelo estatuto de verdade no âmbito do saber agronômico. Essas perspectivam variam desde a aposta na intervenção molecular até a aplicação da ecologia na produção de alimentos, da molécula à agrofloresta.