O oprimido fala, o opressor se revela : Oumarou Ganda pelas lentes de Jean Rouch, Theodorico Bezerra sob o olhar de Eduardo Coutinho

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2023
Autor(a) principal: Cardoso, José Fernando
Orientador(a): Leite, Carlos Augusto Bonifácio
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/263730
Resumo: A linguagem do documentário foi-se desenvolvendo ao longo do Século XX a partir das contribuições decisivas de Robert Flaherty e Dziga Vertov, que dotaram o gênero de linguagem própria e autorreflexividade. É quando descobre sua voz própria, entre as décadas de 1920 e 1930, que o documentário finalmente se firma – aproximadamente três décadas após o surgimento da arte cinematográfica. Os principais fatores para isso são o método colaborativo estabelecido por Flaherty, a partir da convivência do cineasta com os atores sociais retratados em seu próprio ambiente, e a noção de Vertov de que o cinema documental, a despeito da intenção do filme de tornar visível a verdade dos fatos, é marcado pela subjetividade em todas as etapas de sua realização – o documentário é, pois, uma reorganização dos acontecimentos filmados, um discurso estruturado a partir das escolhas realizadas durante as filmagens e a seleção e ordenação das imagens feitas depois na sala de edição. O etnólogo Jean Rouch, a partir dos ensinamentos de Flaherty e Vertov, a quem considerava seus mestres, desafiou as convenções do filme etnográfico e propôs a antropologia compartilhada, a partir da colaboração do cineasta com seus personagens. Eduardo Coutinho, partindo da influência de Rouch, criou um método baseado no encontro, que foi chamado de cinema de conversa. Ambos, Rouch e Coutinho, que desprezavam a elaboração prévia de roteiros, apostaram no improviso e valeram-se de procedimentos do cinema de ficção, provocando situações e explorando o drama daí recorrente, propondo a autofabulação dos envolvidos e discutindo os limites do documentário, tornando-se referências do documentário participativo. Neste trabalho, nos propusemos a investigar os dispositivos utilizados por Rouch em Eu, Um Negro e por Coutinho em Theodorico, Imperador do Sertão, e comparar as duas obras, que tratam sob vieses distintos da exploração do homem pelo homem.