Estudo de fatores de risco para esquizofrenia

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 1995
Autor(a) principal: Belmonte-de-Abreu, Paulo Silva
Orientador(a): Busnello, Ellis Alindo D'Arrigo
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/164182
Resumo: Foi efetuado um estudo caso-controle balanceado para avaliar a possível associação entre Esquizofrenia e Alterações Tomográficas em Tomografia Computadorizada de Crânio, em adultos de sexo masculino, no Ambulatório de Esquizofrenia do Serviço de Psiquiatria do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCP A). Os Casos (n=3 8) foram definidos como adultos de sexo m~sculino com critérios clínicos de diagnóstico DSM-III-R de Esquizofrenia com mais de 2 anos de evolução. Os controles (n=3 5) foram adultos de sexo masculino que se ofereceram como voluntários a anúncios verbais e escritos divulgados em boletins do Hospital de Clínicas de Porto Alegre. Casos e controles foram submetidos à Entrevista Clínica, Entrevista de Aplicação do Inventário da 3a. Edição Revisada do Manual Diagnóstico e Estatístico da Associação Americana de Psiquiatria (DSM III-R), Escala de Avaliação de Problemas Sociais Especiais modificada para ocorrências antes dos dezoito anos de idade (EAPPS-M), Escala de Avaliação de Unidade Social modificada para eventos antes dos dezoito anos (EAUSF-M), Bateria de Avaliação Neurocognitiva (BANC), Teste de Inteligência Wechsler para Adultos (W AIS) e Tomografia Computadorizada de Crânio (TCC). A média de Idade dos dois grupos foi 30.5 e 32.9 para Controles e Casos, respectivamente (p=0.11 ). A Tomografia Computadorizada de Crânio foi avaliada de forma cega (com desconhecimento da idade, data do exame, identidade e pertinência de grupo dos sujeitos), por um juiz (PSBA) treinado especialmente para avaliação dos parâmetros cerebrais e que obteve escores prévios de confiabilidade com coeficiente de correlação r>0.90. Os resultados obtidos mostram que a proporção de esquizofrênicos com alterações tomográficas cerebrais em área correspondente à Razão da Cisterna Supra-selar/RCSS foi de 73.7% para Casos e 11.4% para Controles, com Risco-relativo estimado pela Razão de Chances de 21.70 (p=O.OOOOO 1 ). Os fatores de risco para alterações tomográficas que estiveram mais presentes nos casos foram: a) história de Complicações de Gestação e Parto (CGP) (75% dos casos com aumento de RCSS também tinham aumento de CGP); b) alteração de Unidade Sócio-familiar (EAUSF-M) (85% dos casos com alteração de RCSS tinham alterações de EAUSF-M); baixa Classe Sócio-econômica (CSE) (87% dos casos de alteração de RCSS tinha alteração em CSE); c) foi descartada confusão de variáveis por Idade, Problemas Psicossociais (EAPPS-M), CSE, CGP e EAUSF-M; d) quanto a variáveis modificadoras de efeito houve evidência de efeito aditivo (antagonismo) de idade sobre RCSS; e) as alterações tomográficas se agregaram em um único fator, em uma Análise Fatorial de Componentes Principais ("Factor Analysis - Principal Component Analysis"), com o Fator explicando 56% da variância observada; f) a aplicação de um modelo logístico empregando o Fator de Tomografias juntamente com EAPPS-M antes dos 18 anos, CSE antes dos dezoito anos, e CGP classificou corretamente 80.28% dos casos. Neste modelo, o Fator de Alteração Tomográfica mostrou Razão de Chances de 17.33, com p=O.OOOl. O modelo logístico com dados dicotômicos mostrou o melhor ajuste com cinco variáveis no modelo: RCSS (Coeficiente Beta (B) = 2.5972, RC=13.426, p=0.0001); R3V (B=1.9952, RC=7.354 e p=0.025); RCT (B=1.5699, RC=4.792, p=0.0); Alteração de EAUSF-M (B=2.1 092, RC=8.241, p=0.039) e Idade (B=2.1747; RC=8.799, p=0.022), permitindo a noção de que o sujeito de sexo masculino com 20 a 40 anos que for positivo nestas 5 variáveis tem 42.6 vezes mais chance de ter o diagnóstico de Esquizofrenia do que o que não tem nenhuma destas variáveis positiva. A Análise Discriminante mostrou um conjunto de 7 variáveis com funções discriminantes canônicas padronizadas classificando corretamente 92.86% dos casos, com ponto de corte 0.045785. As 7 variáveis estudadas foram: 3 parâmetros de alterações tomográficas (RCS, RCSS e Razão de Corno Temporal/RCT); 2 medidas da BANC (Span de Dígitos - SD, Span de Palavras - SP), WAIS e EAUSF -M. De maneira geral foi obtido um reforço para a evidência da existência de fatores cerebrais estruturais de risco para a Esquizofrenia (alterações tomo gráficas), especialmente as medidas mais próximas de lobo temporal (Cisterna Supra-selar, Cornos Temporais e Terceiro Ventrículo), aliados a fatores de ambiente familiar antes dos 18 anos, mesmo após o controle para Idade e Classe Social. Classe SócioEconômica antes dos 18 anos, Problemas Psicossociais antes dos 18 anos e Complicações de Gestação e Parto mostraram um efeito isoladamente, efeito que não se manteve quando estudados no modelo multivariado. Além disto, a Análise Discriminante permitiu a estimativa de probabilidade de classificação correta de casos com o uso associado de Medidas Tomográficas (RCS, RCSS e RCT), Medidas Cognitivas na BANC (SD e SP), Medidas de Inteligência (W AIS) e Avaliação de Unidade Sócio-Famíliar Prévia aos 18 anos (EAUSF-M) em cerca de 92% dos sujeitos. Neste caso, e considerando que a amostra corresponda à população, seria possível quantificar o efeito simultâneo do contexto biológico, psicossocial e cognitivo do indivíduo no diagnóstico da Esquizofrenia. A quantificação pode ser fe ita com um programa de computador que utiliza os Coeficientes de Classificação de Fisher da Análise Discriminante e gera um "provável diagnóstico" baseado na ponderação das 7 variáveis significativas.