Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2014 |
Autor(a) principal: |
Cristiano, Viviane Batista |
Orientador(a): |
Belmonte-de-Abreu, Paulo Silva |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Dissertação
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/104079
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Resumo: |
Introdução: A esquizofrenia é um transtorno mental grave, que com frequência leva a uma deterioração progressiva, que mais recentemente tem sido descrita como uma doença sistêmica, com alterações progressivas cerebrais e corporais, e em parte por causa disto, associada a menor expectativa de vida, em média 20 anos menos que a população geral não afetada. Apesar de não terem especificidade, já foram determinados diferentes marcadores inflamatórios e oxidativos envolvidos; em contrapartida, pouco tem sido descrito sobre marcadores sistêmicos da esquizofrenia. A experiência clínica mostra que os pacientes crônicos vão ficando com pele, musculatura, e postura diferente dos não doentes, porém não há registro de estudo buscando estudar a postura, apesar de sabermos que a mesma depende da interação de inúmeros sistemas, incluindo o estado inflamatório do sujeito. Objetivo: Definir padrões de postura dentro de parâmetros básicos (postura cifolordótica - PCL, postura relaxada ou desleixada - PRD, postura escoliótica - PE) em pacientes esquizofrênicos e correlacionar com fase de doença (inicial-tardia) e com marcadores de resposta inflamatória imediata (proteína C reativa - PCR) e tardia (fator de von Willenbrand - FvW). Método: Estudo transversal, por amostra de conveniência, aprovado pelo comitê de ética do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (número 110083 HCPA). Foram recrutados 40 indivíduos com diagnóstico CID-10 e DSMIVTR de esquizofrenia, forma estabilizada, em tratamento ambulatorial no HCPA. Os pacientes foram subdivididos em 2 subgrupos, de acordo com o estágio da doença (estágio inicial n=15 menos de 10 anos do 1° surto, estágio tardio n=25 10 anos ou mais do 1° surto). O grupo controle (n=26) foi recrutado através de uma rede social (Facebook®). Todos os indivíduos foram submetidos à biofotogrametria pelo método SAPO® para avaliar a postura. O nível de significância adotado foi de 5% para todas as variáveis e as análises foram realizadas no programa Statistical Package for the Social Sciences (SPSS, versão 18.0). Resultados: Não houve perdas; em relação à postura o grupo estágio inicial apresentou 15 ângulos com diferenças significativas quando comparado aos valores de referência, enquanto no grupo estágio tardio apenas 7 ângulos foram significativos; já na comparação com o grupo controle, apenas 6 ângulos foram significativos num total de 19. Os marcadores inflamatórios (PCR e FvW) não foram significativos em comparação aos estágios inicial e tardio da doença, porém a PCR apresentou correlação com a gravidade da doença e o FvW com um ângulo postural da protusão da cabeça. A variável dor também apresentou correlação com 5 ângulos posturais, 2 da coluna e 3 dos membros inferiores; além disso o grupo estágio tardio teve maior prevalência de dor quando comparado ao estagio inicial. Conclusões: Existe um padrão postural comum na esquizofrenia caracterizado principalmente por protusão da cabeça, hiperlordose e escoliose, sendo que no início da doença é mais agravante e no estágio mais tardio se estabiliza. Isto pode ser explicado por dois fenômenos: aumento de peso e o enfraquecimento muscular. Adicionalmente, temos a influência da dor e dos fatores inflamatórios, onde a PCR se associou à gravidade da doença, mas não à postura; já o FvW e a dor se associaram aos ângulos posturais, demonstrando suas influências nessa doença. Isto sugere que existe uma maior atividade patológica no início da doença, não só no cérebro, mas também no organismo, incluindo músculos e tecido adiposo. A hiperlordose parece estar mais associada à obesidade e tecido adiposo, enquanto que a extensão da cabeça e escoliose mais a alterações de musculatura. Todos estes achados juntos, se confirmados em amostras maiores e mais heterogêneas, irão nos auxiliar em futuras condutas no tratamento destas alterações posturais características deste transtorno (hiperlordose lombar, anteriorização da cabeça, diminuição da cifose torácica), além de estimular busca de novos meios de intervenções com o enfoque nos diferentes estágios da doença. |