Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: |
2012 |
Autor(a) principal: |
Kieling, Christian Costa |
Orientador(a): |
Rohde, Luis Augusto Paim |
Banca de defesa: |
Não Informado pela instituição |
Tipo de documento: |
Tese
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Tipo de acesso: |
Acesso aberto |
Idioma: |
por |
Instituição de defesa: |
Não Informado pela instituição
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Programa de Pós-Graduação: |
Não Informado pela instituição
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Departamento: |
Não Informado pela instituição
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País: |
Não Informado pela instituição
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Palavras-chave em Português: |
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Link de acesso: |
http://hdl.handle.net/10183/48970
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Resumo: |
Ao longo da última década, houve um crescente interesse nas questões de saúde global e, particularmente, de saúde mental global. Problemas de saúde mental começam precocemente e estima-se que afetem de 10% a 20% das crianças e adolescentes em todo o mundo, estando entre as principais cargas de doença na população. Isto é especialmente relevante no contexto de países de baixa e média renda, onde 90% da população mundial jovem vive. Este estudo tem como objetivo apresentar e discutir o estado atual da pesquisa em saúde mental na infância e adolescência, baseando-se em uma perspectiva global, a partir de três abordagens complementares. Primeiro, apresentamos uma revisão da literatura atual sobre a saúde mental de crianças e adolescentes enfocando aspectos relacionados à epidemiologia, intervenções preventivas e terapêuticas, bem como seus aspectos econômicos e políticos, com foco em países de baixa e média renda (artigo #1). Em seguida, mapeamos a produção científica mundial no campo da saúde mental na infância e adolescência (artigo #2). Por fim, demonstramos a viabilidade de um estudo de interação gene-ambiente em uma coorte de adolescentes em um país em desenvolvimento, enfocando o surgimento de problemas externalizantes (artigo #3). Nossos resultados indicam que, embora a prevalência de problemas de saúde mental em crianças em países de baixa e média renda seja semelhante a de países de alta renda, países com poucos recursos enfrentam grandes lacunas na investigação e implementação de estratégias eficazes de prevenção e tratamento de problemas de saúde mental. Esta dificuldade se reflete e é acompanhada por uma escassa produção científica em periódicos indexados, nos quais pesquisadores originários de países de baixa e média renda respondem por menos de 10% das autorias. É possível mudar este cenário através da realização de pesquisas de alta qualidade em países de baixa e média renda. No maior estudo avaliando o impacto da interação de alguns genes com determinados fatores ambientais de risco sobre problemas externalizantes em adolescentes realizado em um países em desenvolvimento, identificamos efeitos principais para os fatores de risco ambientais, mas não observamos impacto de interações gene-ambiente, tal como descrito em alguns estudos prévios conduzidos em países de alta renda. Apesar de haver uma clara associação entre tabagismo materno e escores de hiperatividade na adolescência (p<0.001), nenhum efeito principal do gene do transportador de dopamina ou da interação gene-ambiente foi detectado. De modo similar, maus tratos na infância se mostraram associados a problemas de conduta entre meninos (p<0.001), porém efeitos principais do gene da monoamino oxidase A ou da interação não foram observados. A promoção da saúde mental na infância e na adolescência é um desafio mundial, mas também representa uma janela de oportunidade, na medida em que muitos dos países de média e baixa renda estão passando por uma transição demográfica, de forma que a intervenção hoje pode resultar em uma diminuição significativa da carga de doença no futuro. |