Processos oxidativos, inflamatórios e alterações comportamentais induzidas por ácido hexacosanóico na adrenoleucodistrofia ligada ao cromossomo x e o efeito de antioxidantes

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2019
Autor(a) principal: Marchetti, Desirèe Padilha
Orientador(a): Vargas, Carmen Regla
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/196667
Resumo: Adrenoleucodistrofia ligada ao cromossomo X (X-ALD) é um erro inato do metabolismo dos peroxissomos, com incidência de 1:21.000 para homens hemizigotos e 1:14.000 para mulheres heterozigotas. A doença se caracteriza pelo acúmulo de ácidos graxos de cadeia muito longa (VLCFA – do inglês very long chain fatty acids), principalmente os ácidos hexacosanóico (C26:0) e tetracosanóico (C24:0) em fluidos e tecidos corporais, podendo causar insuficiência adrenal e grave desmielinização. É causada por mutações no gene ABCD1, o qual codifica uma proteína responsável por transportar VLCFA do citosol para dentro do peroxissomo para serem oxidados. Apesar dos mecanismos relacionados ao dano tecidual ainda não estarem bem elucidados, estudos vêm mostrando que o acúmulo de metabólitos tóxicos, a inflamação e o estresse oxidativo podem estar relacionados com a fisiopatologia da X-ALD. O tratamento para X-ALD é ainda considerado experimental, não havendo nenhuma terapia satisfatória. Alguns estudos vêm investigando as propriedades antioxidantes e antiinflamatórias de n-acetil-L-cisteína (NAC), rosuvastatina (RSV) e trolox (TRO – análogo hidrossolúvel da vitamina E) em doenças relacionadas ao estresse oxidativo. Considerando o exposto, os objetivos deste trabalho foram: avaliar o perfil inflamatório em pacientes com diferentes fenótipos para X-ALD, verificar o efeito in vitro de diferentes antioxidantes sobre parâmetros de estresse oxidativo e inflamação em células gliais enriquecidas com C26:0 (modelo in vitro da X-ALD) e em fibroblastos de pacientes heterozigotas e hemizigotos assintomáticos e, por fim, verificar as alterações comportamentais de ratos Wistar selvagens submetidos à injeção de C26:0. No que concerne aos resultados referentes à avaliação da inflamação em pacientes X-ALD, que estão representados no artigo 1 publicado, podemos inferir que o aumento de citocinas plasmáticas em pacientes assintomáticos poderia ser considerada um biomarcador precoce de progressão da doença e dano neurológico, uma vez que pacientes assintomáticos apresentaram níveis elevados das citocinas pró-inflamatórias IL-1β, IL-2 , IL-8 e TNF-α e altos índices de anti-inflamatórias IL-4 e IL-10, como uma tentativa de contrabalancear o status inflamatório. Além disso, pacientes com fenótipo Adrenomieloneuropatia (AMN) apresentaram altos índices de TNF-α e IL-2 (pró-inflamatórias), bem como IL-5 e IL-4 (anti-inflamatórias). É possível supor que a inflamação na X-ALD possa estar relacionada à concentração plasmática de VLCFA, visto que verificamos uma positiva correlação entre níveis de C26:0 e citocinas pró-inflamatórias em pacientes assintomáticos e AMN, assim como uma correlação negativa entre citocinas anti-inflamatórias e a razão C24:0/C22:0 (ácido docosanóico) em pacientes AMN. Em relação aos resultados referentes à cultura de células gliais (apresentados no artigo 2 publicado), podemos sugerir que o C26:0, por si só, tem a capacidade de alterar o status redox, de causar dano oxidativo ao DNA, estresse nitrativo e inflamação em células gliais. Ainda, verificamos que os três compostos NAC, TRO e RSV tiveram a capacidade de atenuar alguns danos causados pelo C26:0 nas células. O artigo 3 mostra que fibroblastos de pacientes assintomáticos, tanto hemizigotos quanto heterozigotas, quando tratados com NAC e RSV, liberaram menores níveis de DCF em comparação aos fibroblastos não tratados. Ainda, a NAC mostrou-se capaz de aumentar as atividades das enzimas superóxido dismutase e catalase nos fibroblastos dos pacientes, entretanto NAC e RSV não foram capazes de alterar o estresse nitrativo nos fibroblastos. Os resultados referentes ao artigo 4 mostram evidências que o C26:0, ao ser administrado em ratos Wistar, pode causar alterações comportamentais, como prejuízo locomotor, diminuição da capacidade exploratória e redução de respostas de orientação-investigação. Considerando nossos resultados, deduzimos que o C26:0, principal metabólito acumulado na doença, está relacionado com os danos encontrados na X-ALD, e que futuros estudos abordando sua toxicidade e efeitos possam ser de suma importância para o desenvolvimento de um tratamento capaz de reduzir os niveis plasmáticos e teciduais nos pacientes afetados. Ainda, concluímos que o estudo de antioxidantes são de grande relevância em um tratamento adjuvante para X-ALD, visto que ainda não há nenhuma terapia satisfatória para este grave erro inato do metabolismo.