Estrutura vertical de assembléia de morcegos (Mammalia, Chiroptera) de um remanescente de Mata Atlântica no sul do Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Carvalho, Fernando
Orientador(a): Fabian, Marta Elena
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/142788
Resumo: Poucos são os estudos que abordam a estrutura vertical das assembléias de morcegos. No Brasil, estes foram realizados apenas na Região Amazônica. O presente estudo teve como objetivo analisar a estrutura vertical da assembléia de morcegos em um remanescente de Floresta Ombrófila Densa no sul Brasil. As amostragens foram realizadas com redes de neblina, instaladas no sub-bosque, sub-dossel e dossel. A comparação entre estratos foi baseada na riqueza e diversidade específica. Para determinação da diversidade específica utilizou-se o índice de Simpson (1-D) e para comparar possíveis diferenças utilizou-se o perfil de diversidade. A assíntota da curva do coletor para cada estrato foi testada pelos estimadores ICE e Bootstrap. Para determinar a frequência das espécies em cada estrato vegetacional amostrado foi calculado o índice de Constância, sendo as espécies consideradas constantes (C > 50), acessórias (25 < C < 50) e acidentais (C < 25). Capturaram-se 485 morcegos pertencentes a duas famílias e 24 espécies. No sub-bosque obtiveram-se 173 capturas de 13 espécies a diversidade de 0,7722. No sub-dossel houve 153 capturas de 18 espécies e diversidade de 0,8992. No dossel registraram-se 159 capturas de 22 espécies e diversidade de 0,8761. No sub-bosque e no dossel, apenas uma espécie (A. lituratus) foi classificada como constante. No sub-dossel, quatro espécies foram acessórias (A. lituratus, S. lilium, A. geoffroyi e E. diminutus). Todas as demais espécies registradas em cada estrato foram classificadas como acidentais. A assembléia de morcegos estudada, apresenta estratificação vertical, sendo os estratos superiores os mais diversos. A presença de espécies constantes ou acessórias em determinados estratos, sugere maior utilização dos mesmos. Estudos abrangendo amostragens em estratos superiores de um remanescente florestal mostram-se importantes para a compreensão da utilização do espaço e para o entendimento da influência dos dosséis na composição das assembléias de morcegos. Apesar do grande avanço no conhecimento sobre os aspectos ecológicos vii das assembléias de morcegos tropicais, havido nas últimas décadas, há uma carência de informações relacionadas a flutuações sazonais de suas populações. O presente estudo teve como objetivos determinar as variações sazonais no número de captura de Artibeus lituratus e Sturnira lilium no dossel e sub-dossel de remanescente de Mata Atlântica, localizado no sul do Brasil. O estudo foi desenvolvido no município de Pedras Grandes (28o 29’ 05”S e 49o 15’ 21”N), extremo sul de Santa Catarina, em altitude de 300m acima do nível do mar. Os quirópteros foram capturados com redes de neblina, instaladas em ambos os estratos. Consideraram-se os seguintes meses de cada estação anual: primavera - setembro, outubro e novembro; verão - dezembro, janeiro e fevereiro; outono - março, abril e maio; inverno - junho, julho e agosto. Para testar se houve diferença significativa entre as capturas nos distintos estratos utilizou-se a prova não-paramétrica de Mann-Whitney com nível de significancia de 0,05. Para verificar se houve diferença no número de capturas entre as estações, para cada estrato, utilizou-se o teste qui-quadrado (X2) com nível de significancia de 0,05 e, quando necessário, qui-quadrados (X2) parciais. Em ambas as espécies não foram observadas diferenças significativas no número de capturas entre os dois estratos (p = 0,2975 para A. lituratus e p = 0,6573 para S. lilium). Artibeus lituratus apresentou diferenças significativas entre as estações do ano em ambos os estratos, com o maior número de capturas ocorrendo no outono. Em S. lilium, ambos os estratos não apresentaram diferenças estatisticamente significativas. A variação sazonal observada de abundância em A. lituratus, pode estar relacionado a sua dieta baseada principalmente em frutos disponíveis em parte do ano. Para S. lilium além da dieta, baseada principalmente em plantas que não apresentam variações sazonais na disponibilidade de frutos, a altimetria da área de estudo e suas variações de temperatura parecem também explicar a ausência de variação sazonal. Saliente-se, entretanto, que os fatores que determinam as flutuações populacionais em viii A. lituratus, ou mesmo a inexistência das flutuações em S. lilium, ainda não são totalmente compreendidas.