Análise do perfil das desordens potencialmente malignas e do papel da autofagia celular na progressão dessas lesões durante a carcinogênese bucal

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2021
Autor(a) principal: Lima, Taiane Berguemaier de
Orientador(a): Visioli, Fernanda
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/235934
Resumo: O câncer de boca é a quinta neoplasia mais comum no Brasil. Sua incidência e mortalidade variam de acordo com a localização geográfica. O diagnostico tardio afeta na sobrevida e no prognóstico, sendo necessário melhorar o diagnóstico precoce. Algumas lesões podem preceder o câncer bucal, e são denominadas desordens potencialmente malignas orais (DPMO). O objetivo deste estudo foi realizar um levantamento das DPMO diagnosticadas a partir do serviço de Patologia Bucal da FO-UFRGS de Porto Alegre num período de 38 anos e avaliar quais são os fatores que determinam a severidade das lesões. Este estudo retrospectivo, foi realizado a partir da análise de 31663 laudos, no qual as lesões foram selecionadas de acordo com a hipótese de diagnóstico clínico (leucoplasia, eritroplasia, queilite actínica e leucoeritroplasia) e diagnóstico microscópico (alterações de proliferação e maturação epiteliais). Foram extraídos dados importantes relacionados a lesões, e para a realização da análise dos dados a localização das lesões foi agrupada em alto risco (borda de língua, assoalho bucal e palato) e baixo risco (todas as demais localizações intrabucais). Das 31663 lesões diagnosticas 567 eram DPMO, representando 1,79% do total. A maioria da amostra é do sexo masculino (55,8%), com idade superior a 50 anos (60%) e de cor branca (78,4%). A leucoplasia (77,4%) é a DPMO mais comum e mais frequentemente localizadas nas regiões de baixo risco (67,9%). As lesões presentes em localização de alto risco apresentaram diagnósticos microscópicos mais severos (displasia epitelial/CEC), enquanto lesões não displásicas e queilite actínica estavam predominantemente localizadas em sítios de baixo risco (p<0.001). Na análise temporal nota-se uma mudança no perfil do paciente acometido pelas DPMO entre os anos de 2010 a 2017 no qual demonstra o predomínio de pacientes mais jovens. As queilites actínicas e eritroplasias foram menos frequentes, porém associadas a alterações histopatológicas mais severas (p<0.05). Ainda não é claro quais os fatores que contribuem significativamente para a progressão dessas lesões. Identificar as alterações celulares e moleculares que ocorrem durante a progressão é fundamental para a compreensão desse processo. Autofagia é o processo catabólico que ocorre nos lisossomos, e tem por finalidade degradar os 9 componentes celulares e proteínas que já não são mais funcionantes. O objetivo deste processo é manter o equilíbrio homeostático celular para sobrevivência adequada em condições estressantes. Diante das funções biológicas da autofagia identificadas até hoje, a relação com o processo neoplásico está sendo intensamente estudado. No entanto seu papel durante a carcinogênese oral ainda não está bem estabelecido. Além disso, a modulação da via autofágica durante a carcinogênese pode ser um potencial alvo terapêutico e quimiopreventivos. Para tal finalidade, utilizamos modelo animal de indução da carcinogênese com 4NQO em ratos Wistar, sendo um grupo tratado também com hidroxicloroquina (HCQ) 10mg/kg/dia, droga inibidora autofágica, durante um período de 20 semanas. O grupo controle (1) clinicamente não apresentou nenhuma lesão, o grupo 2 (4NQO) teve menor quantidade de lesões nas primeiras semanas, demonstrando evolução mais lenta. O grupo 3 (4NQO+HCQ) teve uma evolução mais rápida, com mais animais apresentando lesões já a partir da 13° semana. Apresentou, também, maior quantidade de lesões nas semanas 14 a 16 (p<0.05). Porém ao final do estudo, na semana 20, os grupos 2 e 3 apresentaram a mesma frequência de carcinomas espinocelulares, 7 animais em cada grupo. No grupo 3 que recebeu HCQ os carcinomas desenvolvidos eram na sua maioria microinvasores. Desse modo conclui-se que a autofagia exerce papeis antagônicos em diferentes momentos da carcinogênese, sendo protetora inicialmente, porém contribuindo com a progressão das lesões quando já estabelecido o fenótipo tumoral.