Mulheres na agricultura familiar do semiárido norte-mineiro : divisão social do trabalho e gênero no Projeto Jaíba

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Neta Barbosa, Ana Alves
Orientador(a): Lopes, Marta Júlia Marques
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/79131
Resumo: Este estudo aborda a situação de vida e trabalho das mulheres na agricultura familiar no semiárido norte-mineiro, com foco na divisão social do trabalho e gênero no Projeto Jaíba. Nesse contexto elegeu-se a Etapa I, na área A: NS1 e NS2 como locus desta tese desenvolvendo os seguintes objetivos: analisar dinâmicas de vida e de trabalho feminino e gênero na agricultura familiar no Projeto Jaíba; caracterizar e analisar a sociodemografia e o trabalho das mulheres do Perímetro do Projeto Jaíba; analisar trabalho e renda das mulheres na agricultura familiar do PJ, considerando os fatores de inclusão/exclusão vinculados ao gênero; analisar dinâmicas de gênero, divisão social e sexual do trabalho na família, na atividade agrícola e a situação de vida e trabalho das mulheres do PJ e, por fim; discutir políticas públicas e gênero na agricultura familiar do PJ, na perspectiva do empoderamento feminino e do desenvolvimento rural. O estudo, de cunho qualitativo, contou com a participação de mulheres agricultoras, agentes de mediação, membros da família e presidentes de associações. Foram totalizadas entrevistas com vinte e duas (22) mulheres da Área A, seis (6) agentes de mediação e seis (6) membros da família, tendo como eixo norteador um roteiro semiestruturado. Realizou-se uma discussão de grupo com outras dezesseis (16) mulheres membros da associação AMA. Além disso, complementaram-se os dados com informações documentais do Projeto, com a observação e o diário de campo. Os resultados evidenciaram que, no valor social atribuído ao trabalho das mulheres do PJ, reproduzem-se as desigualdades de gênero, inviabilizando uma melhor distribuição das tarefas domésticas entre os membros da família e reforçando o paradigma da “naturalização” da divisão sexual do trabalho. A divisão social do trabalho se institui no centro da representação social, simbólica e cultural, condizente com a atuação esperada das mulheres e dos homens. Por um lado, ressalta-se que o espaço rural no Jaíba, de alguma forma e mesmo que ainda fragilmente, desestabiliza algumas barreiras e aos poucos ressignifica posturas e atitudes quando se consideram as relações assimétricas de gênero na agricultura familiar. A busca de poder no processo produtivo e público e o despertar para a cidadania das mulheres despontam como fatores que podem provocar transformações nas relações de gênero. No entanto, a percepção de aspectos favorecedores de exclusão social e de gênero no PJ é mais acentuada, como a limitada participação social das mulheres em espaços públicos e o reconhecimento do seu papel com equidade além das dificuldades referentes aos mecanismos para a operacionalização do crédito rural e, especificamente, o Pronaf-Mulher. Tais reflexões conduzem a percepção de que os entraves relativos à obtenção do crédito rural passam pelo acesso e acessibilidade aos meios, sustentados em pedagogias capazes de produzirem efeitos de saber-poder para as mulheres. Enfim, a situação de vida e trabalho das mulheres passa ainda por restritas mudanças nas dinâmicas de gênero, sociofamiliares e no contexto amplo do PJ.