Heterogeneidade nas estratégias de sustento : a experiência da intervenção planejada na etapa I do Projeto Jaíba, Minas Gerais

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2013
Autor(a) principal: Santos, Kleber Carvalho dos
Orientador(a): Machado, Joao Armando Dessimon
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/79128
Resumo: O plano de intervenção planejada dirigido ao Projeto Jaíba (PJ) e elaborado pelas agências de desenvolvimento atendeu à recomendação de mudança de beneficiários determinada pelo Banco Mundial. A pretensão inicial das agências era acolher empresários rurais e, a partir da atividade desses, gerar empregos às famílias rurais locais, para, sob a responsabilidade da CODEVASF e RURALMINAS, assentar aqueles que seriam empregados e transformá-los em empresários rurais sob o estilo de agricultura irrigada. O Projeto Jaíba apresenta contexto favorável à pesquisa, pois foi contemplado com estruturas similares e esperavam, seus idealizadores, acolherem respostas similares dos envolvidos ao processo de intervenção planejada. Além de sua população, está sendo afetado por mais de 25 anos por duas políticas públicas: a constituição de um perímetro de irrigação com o intuito de modernização da agricultura e outra de assentamento rural. O interesse da pesquisa deu-se em compreender por que os Colonos Irrigantes (CIs) adotam estratégias de diversificação mesmo quando submetidos a uma forte pressão por homogeneização dos seus meios de sustento. Para responder ao questionamento, foi realizada pesquisa de campo, tendo como aporte teórico a Perspectiva Orientada aos Atores – POA. A alquimia entre o aporte teórico e os dados recolhidos por meio de questionário semiestruturado, entrevista em profundidade, observação não participante e análise documental permitiu compreender a organização do PJ não como um plano físico ou um plano de ação controlada pelos idealizadores que determinariam o seu funcionamento, e sim como arranjos sociais compostos pelas partes envolvidas, estando presentes os Colonos Irrigantes, Mediadores Institucionais (MIs) e as organizações locais e a distância. Também, permitiu averiguar a ocorrência de lutas e negociações entre atores com diferentes visões, interesses sociais, estratégias, interface de conhecimento e experiência, estabelecendo espaço de manobra, rompendo-se com a possibilidade de antecipar em um plano o jogo e seus resultados. Concluiu-se que o plano idealizado não se realizou de forma linear e executado por indivíduos vazios, ao contrário, os Colonos Irrigantes transformaram o plano em processo dinâmico e negociado socialmente. Deste modo, mesmo diante de intervenção planejada com estabelecimento de resultados prévios, os Colonos Irrigantes do PJ ampliaram a heterogeneidade dos seus meios de sustento e, em muitos momentos, fizeram diferente e fizeram a diferença. Assim, após mais de 25 anos de intensa intervenção planejada e com forte direcionamento em conformar os meios de sustento dos CIs em um sistema homogêneo e mercantilizado, direcionado principalmente à fruticultura, observa-se a diversificação tanto nos estilos de produzir quanto nas estratégias de inserção no mercado e modos de viver. Extraem-se como proposições que as agências de desenvolvimento deveriam afastar-se de estratégias de replicar experiências identificadas e avaliadas como exitosas, transformando-as em plano ou receituário indicativo de ser generalizado em outros territórios.