Percursos de aprendizagem de multi-instrumentistas : uma abordagem a partir da história oral

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Rauber, Gustavo Luis
Orientador(a): Souza, Jusamara Vieira de
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/158972
Resumo: Esta pesquisa trata dos percursos de aprendizagem de músicos multi-instrumentistas. No âmbito deste trabalho, compreende-se como músico multi-instrumentista quem toca vários instrumentos musicais, simultaneamente ou não. A pesquisa contou com a colaboração de quatro músicos multi-instrumentistas e as questões de interesse foram: que instrumentos musicais os músicos tocam, quais os objetivos, interesses e expectativas do aprendizado de vários instrumentos, quais circunstâncias e situações levaram à escolha de cada instrumento musical, como ocorre a estruturação e organização dos estudos com mais instrumentos, como a aprendizagem de um instrumento se correlaciona com a aprendizagem de outros e como se desenvolve a atuação profissional destes músicos. Para buscar as respostas, foi realizada uma investigação com abordagem qualitativa (MINAYO e SANCHES, 1993; CHIZZOTTI, 2005). A história oral foi adotada como metodologia (MEIHY e HOLANDA, 2015; ALBERTI, 2013). O material empírico foi coletado através de entrevistas temáticas semiestruturadas. Esta pesquisa alinha-se com a sociologia da educação musical e tem como referenciais teóricos a socialização (SETTON, 2008, 2009, 2011), a aprendizagem de instrumentos musicais, compreendendo a relação dos músicos com seus instrumentos (NOHR, 1997), a autoaprendizagem (GOHN, 2003; CORRÊA, 2000, 2008), a hierarquização social dos instrumentos musicais (BOZON, 2000) e a profissionalização em música (KELLER, 1996; TRAVASSOS, 1999). Os resultados revelaram que o músico multi-instrumentista realiza um processo de hierarquização dos instrumentos musicais, na qual a hierarquização duradoura reconhece os instrumentos principais como aqueles com os quais é efetivada uma relação de maior tempo de convívio ao longo da trajetória, e a hierarquização momentânea como processo que contribui para a determinação da frequência, intensidade e regularidade da relação músico/instrumento em determinados períodos que configuram os percursos de aprendizagem do músico. Os músicos chegam a “novos” e “outros” instrumentos musicais por intermédio de situações relacionadas ao mercado de trabalho e atuação. Essas, além da apresentação de novas possibilidades, atuam como reguladoras dos processos de estudo, estabelecendo a divisão de atenção entre os instrumentos e contribuindo na elaboração de estratégias para um aprendizado múltiplo. A proximidade entre os instrumentos quanto à família, estrutura física e forma de tocar é revelada como aspecto decisivo à incorporação de novos instrumentos facilitando o aprendizado. A adaptação às necessidades que oportunizam o aprendizado de mais e diferentes instrumentos musicais promovem versatilidade ao multi-instrumentista, expandindo sua atuação a múltiplas frentes divididas na utilização de diferentes instrumentos musicais em diferentes projetos e diferentes instrumentos em um mesmo projeto. O trabalho contribui para o entendimento do ser multi-instrumentista como o músico que realiza um percurso de aprendizagem configurado pelo desafio, pelo novo, por arranjos instrumentais inusitados, imprevisíveis e momentâneos. Um músico que não pretende dar caráter magnífico ou extraordinário à sua prática, distinguindo-se como autoridade, mas validar e significar sua atuação através de uma proposta diferente.