Investigação química e atividades biológicas de extratos de samambaias coletadas nas regiões sul e sudeste do Brasil

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2011
Autor(a) principal: Fasolo, Juliana Maria de Mello Andrade
Orientador(a): Henriques, Amelia Teresinha
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/198721
Resumo: Antioxidantes, antiinflamatórios e inibidores da enzima monoamina oxidase (MAO) estão relacionados a algumas neuropatologias, como as doenças de Parkinson e Alzheimer, apresentando-se como valiosos agentes terapêuticos. Assim, a pesquisa acerca de novas fontes desses compostos estimula o desenvolvimento de novas opções terapêuticas para melhoria dos sintomas dessas doenças. Samambaias são plantas que pertencem ao grupo das pteridófitas e apresentam cerca de 9000 espécies distribuídas mundialmente. Nesse contexto, os objetivos desse trabalho foram as análises química e biológica de 14 extratos de samambaias coletadas no Rio Grande do Sul (RS) e em São Paulo (SP). Os extratos brutos etanólicos das samambaias foram analisados utilizando CLAE, com detector de arranjo de diodos. Os extratos foram testados in vitro quanto às suas capacidades antioxidantes, pelo método do potencial reativo total (TRAP), nas concentrações de 0,1; 1,0; 10,0; 50,0 e 100,0 μg/mL. Quercetina e mangiferina também foram avaliadas (1,0; 10,0 e 100,0 μM). O ensaio de antiquimiotaxia foi realizado utilizando placa de 48 poços, no qual os extratos foram testados nas concentrações de 0,01; 0,10; 1,0 e 10,0 µg/mL. Mangiferina foi avaliada a 0,1; 1,0; 10,0; 50,0 e 100,0 µM. A avaliação de integridade da membrana celular de células polimorfonucleares na presença dos extratos (10 µg/mL) foi realizada utilizando-se neutrófilos, pelo método de liberação da lactato desidrogenase citosólica. A atividade inibitória da MAO foi realizada utilizando método baseado em fluorescência, testando-se os extratos a 100 µg/mL. A maioria dos extratos das plantas analisadas apresentou cromatograma com alta complexidade química. Na espécie Asplenium gastonis foi caracterizado o glicosil flavonóide hesperidina, além de dois derivados do canferol, enquanto que A. serra apresentou a xantona mangiferina. A análise das plantas da família Blechnaceae, em duas espécies (Blechnum occidentale e B. brasiliense) permitiu a identificação de ácido caféico. Em B. occidentale, ácido clorogênico também foi identificado. O cromatograma do extrato de B. binervatum demonstrou presença de rutina e quercetina 3D-galactosídeo, sendo este último composto encontrado também no extrato de B. brasiliense. Em Cyathea phalerata três derivados glicosilados de canferol foram identificados. O cromatograma de Lastreopsis amplissima demonstrou presença de cumarina e seus derivados. A investigação química das outras espécies deste trabalho não foi possível, com base nos padrões utilizados. Todas as amostras apresentaram potente efeito antioxidante a 10 µg/mL. Asplenium serra, Lastreopsis amplissima (coletada no RS) e Cyathea dichromatolepis foram as mais ativas, sendo que os valores não diferem, estatisticamente, de alguns outros extratos (p < 0,05). Quercetina e mangiferina, mesmo na mais baixa concentração testada (1 µM), apresentaram pronunciada capacidade antioxidante. No teste de antiquimiotaxia, as amostras mais ativas foram: Asplenium serra (94,06 ± 1,63%), Didymochlaena truncatula (93,41 ± 0,93%) e Blechnum occidentale (92,08 ± 1,41), sendo seus valores comparáveis aos da mangiferina e de outras 5 espécies avaliadas (p < 0,05). Todos os extratos demonstraram viabilidade da membrana no teste para alterações morfológicas. As amostras mais ativas frente a MAO-A, a 100 µg/mL, foram D. truncatula (82,61%), Alsophila setosa (82,21%), Blechnum brasiliense (79,47%), Cyathea phalerata (74,07%) e C. delgadii (70,32%). Todos os extratos foram menos ativos frente a MAOB, indicando alta seletividade, especialmente de alguns extratos, para inibição apenas da subunidade A desta enzima. Blechnum brasiliense foi a única das espécies avaliadas que demonstrou potentes atividades em todos testes realizados. Investigações adicionais são necessárias a fim de identificar qual (is) composto (s) é (são) responsável (is) por essas atividades. Estes achados contribuem para a avaliação química e conhecimento farmacológico sobre essas samambaias brasileiras.