Estudo de coorte retrospectivo sobre o tratamento de pacientes com COVID-19 com transfusão de plasma convalescente

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2024
Autor(a) principal: Fernandes, Patrícia da Silva
Orientador(a): Zavascki, Alexandre Prehn
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Dissertação
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/282782
Resumo: Base teórica: O plasma obtido de indivíduos recentemente recuperados de uma doença (plasma convalescente), que deve conter os níveis mais altos de anticorpos policlonais, é uma terapia de imunização passiva que vem sendo utilizada desde o século XIX contra doenças bacterianas e virais. Portanto, na pandemia da Coronavirus disease 2019, principalmente em um contexto inicial de ausência de opções terapêuticas adequadas, o plasma convalescente foi liberado para uso. Objetivos: O objetivo deste estudo é comparar a resposta clínica de pacientes com Coronavirus disease 2019 classificados como graves, que receberam infusão de plasma convalescente, com controles históricos em um centro brasileiro de tratamento dessa doença. Métodos: Coorte retrospectiva com controles históricos. Pacientes com confirmação diagnóstica de Coronavirus disease 2019 que receberam plasma convalescente foram comparados aos que receberam tratamento convencional. O desfecho primário foi a proporção de resposta clínica favorável, definida como uma diminuição de dois pontos na escala ordinal modificada de seis categorias no 28º dia de seguimento em relação à inclusão. Resultados: Foram incluídos no estudo 225 participantes, sendo que 113 pacientes receberam plasma convalescente e 112 foram selecionados para o controle. Os pacientes do grupo controle estavam alocados mais frequentemente nas categorias da escala ordinal modificada em ar ambiente ou com oxigênio em baixo fluxo por cânula nasal (2 e 3) em comparação com os pacientes do grupo plasma convalescente que necessitavam mais frequentemente de cateter nasal de alto fluxo, ventilação mecânica não invasiva ou invasiva (categorias 4 e 5). A mediana da fração inspirada de oxigênio foi maior e a mediana da saturação de oxigênio foi menor no grupo plasma convalescente do que no grupo controle. O desfecho primário não apresentou uma diferença estatisticamente significativa na melhora clínica entre os dois grupos: 38.1% e 40.2% apresentaram melhora clínica nos grupos plasma e controle, respectivamente (P=0.8549). Não houve diferença entre os grupos nos desfechos secundários, incluindo mortalidade em 14 e 28 dias, exceto por uma proporção maior de controles nas categorias 1 ou 2 no dia 28º dia. No modelo de análise multivariada, ajustando para sexo, idade, doença cerebrovascular, índice de massa corporal, saturação de oxigênio na inclusão, uso de corticosteroides e escala ordinal modificada na inclusão, o uso de plasma convalescente não foi associado à melhora clínica no dia 28º dia (Odds Ratio, 0.591; Intervalo de Confiança de 95%, 0.293-1.191; P=0.141). Conclusão: No dia 28º dia após a inclusão, o uso da terapia com plasma convalescente em pacientes hospitalizados e com grave não resultou em maior proporção de melhora clínica em comparação ao grupo controle. Embora os pacientes do grupo plasma convalescente fossem mais graves, não houve diferença entre os grupos no modelo de análise multivariada. Os achados deste estudo observacional estão de acordo com os resultados de ensaios clínicos randomizados, que indicam a ausência de benefício desta terapia na Coronavirus disease 2019 grave.