Educação, surdez e identidades : uma análise sobre perspectivas teóricas e processos de invenção

Detalhes bibliográficos
Ano de defesa: 2017
Autor(a) principal: Soares, Carlos Henrique
Orientador(a): Baptista, Cláudio Roberto
Banca de defesa: Não Informado pela instituição
Tipo de documento: Tese
Tipo de acesso: Acesso aberto
Idioma: por
Instituição de defesa: Não Informado pela instituição
Programa de Pós-Graduação: Não Informado pela instituição
Departamento: Não Informado pela instituição
País: Não Informado pela instituição
Palavras-chave em Português:
Palavras-chave em Inglês:
Link de acesso: http://hdl.handle.net/10183/168810
Resumo: A presente pesquisa tem como objetivo central analisar e discutir a educação associada à surdez e à deficiência auditiva, levando em consideração a existência de polarizações que se expressam nas perspectivas teóricas predominantes – clínico-terapêutica e socioantropológica – e buscando compreender seus efeitos no processo de configuração de serviços educacionais para alunos que apresentam essas características no âmbito da Educação Básica brasileira. O interesse em pesquisar essa temática é justificado pela ocorrência de mudanças na legislação educacional que indicam que a educação desses alunos deve ocorrer nas salas de aula comum do Ensino Regular. A base teórica utilizada se associa às reflexões do pensamento sistêmico propostas por Gregory Bateson, Humberto Maturana, Francisco Varela e Fritjof Capra. Buscou-se, ainda, apoio na abordagem do Ciclo de Políticas formulada pelos sociólogos Stephen Ball e Richard Bowe. Este estudo foi conduzido por meio de uma pesquisa qualitativa, utilizando como instrumentos metodológicos a análise documental associada à revisão bibliográfica e a análise de indicadores educacionais de três diferentes contextos regionais – Rio Grande do Sul, São Paulo e Espírito Santo. Pode-se identificar alterações na educação desses alunos relacionadas ao aumento das matrículas no Ensino Regular e à redução das matrículas no Ensino Especial, com maior ênfase nos estados do Espírito Santo e de São Paulo e em menor proporção no estado do Rio Grande do Sul. Em relação à análise da produção acadêmica desenvolvida pelos Programas de Pós-graduação em Educação da UFRGS e da UFES e pelo Programa de Pós-Graduação em Educação Especial da UFSCar, o estudo identificou que as temáticas investigadas com maior frequência mostram sintonia com as alterações que ocorreram nos contextos de referência de cada programa. Nesse sentido, contrariando a tendência estabelecida pelos pesquisadores da UFES e da UFSCar, a maior parte dos pesquisadores vinculados à UFRGS se posicionou de forma crítica às atuais diretrizes governamentais, defendendo o discurso da “diferença cultural”, da “identidade surda” e da escola especial para surdos. Diante de tais indícios, o desenvolvimento da pesquisa acabou identificando que esse modelo de “identidade surda” defendido pelos pesquisadores da UFRGS ganha espaço e notoriedade no contexto do Rio Grande do Sul porque se associa ao mesmo padrão de organização do modelo de “identidade gaúcha”, que, segundo estudos históricos e antropológicos realizados por Ruben Oliven e Tau Golin, é permeado por processos apreciativos que negligenciam muitas interrogações acerca de sua pluralidade constitutiva. Discutiu-se, ao fim da presente pesquisa, que essa tendência discursiva produz efeitos na oferta de serviços educacionais a alunos surdos porque legitima a difusão de um ideal de sujeito surdo como aquele que usa língua de sinais, sem admitir a existência de grandes singularidades e subgrupos na identificação dessas pessoas.